A Revolução Americana culminou com a proclamação da independência das Treze Colônias, que formaram os Estados Unidos da América. Poucos anos depois, a Segunda Emenda à Constituição preconizou que “o direito do povo de manter e portar armas não será infringido”. O direito ao porte de armas certamente era – e ainda é – um pilar fundante e marcante deste país, hoje conhecido por sua ampla liberdade para portar armas de fogo.
Mas esse direito não é pacífico. Há sempre quem o questione e coloque em dúvida sua legitimidade. E não raro levantam-se objeções à esta liberdade enumerando casos em que atiradores mal-intencionados disparam matando ou ferindo gravemente inocentes. São eventos trágicos, lastimáveis. Ainda assim, mal ocorridos, há quem não demore a levantar suas bandeiras. Não tivessem armas de fogo, não o fariam, dizem alguns. Talvez seja verdade. Talvez.
Mas, qual é a real frequência deste tipo de ocorrência? Quantas vítimas fazem? Quais suas características? Horários, locais, armas utilizadas? Você sabe?
A primeira coisa a se falar diz respeito ao método. Sim, estatísticas envolvem métodos. Cada evento no mundo é único, singular. Se podem ser agrupados, para análises qualitativas e quantitativas, é porque há algo em comum que os une. Mas o que é? E como definir? Assim, é muito comum haver divergências numéricas entre diferentes órgãos. E aqui não é diferente. Porém, dos diversos dados, os da Federal Bureal of Investigation (FBI) são os que parecem melhor retratar o fenômeno de um indivíduo ativamente engajado em matar ou tentar matar pessoas em uma área povoada – essa é a própria definição dada para “Active Shooter”.
Assim, analisando apenas os dados do FBI para os EUA, em 2018, temos que houveram 27 casos deste tipo. Isso mesmo: 27! Nestes, 85 pessoas foram mortas e 128 feridas, totalizando 213 vítimas no ano. A maior parte (cerca de 59%) deste tipo de evento ocorreu em comércios, alguns (cerca de 19%) em locais destinados a educação e apenas 1 em local destinado a culto. Ainda, costumam ocorrer entre 6 e 19 horas (cerca de 85% dos casos).
Os agressores costumam ser homens (cerca de 85% destes casos), com 34 anos de idade, em média aproximada. O mais novo tinha 13 anos e, o mais velho, 64. E quanto às armas? Costumam utilizar armas de mão, ou curtas, (cerca de 67% dos eventos), seguido de rifles (cerca de 22%).
Em 5 destes eventos o atirador foi confrontado por pessoas comuns, sendo que, em 2 destes 5 casos, o fizeram com armas de fogo.
No Brasil há eventos semelhantes, embora desconheça estatísticas nacionais sobre isso. Mas, se estiver em um evento assim, como devo proceder?
O U. S. Departament of Homeland Security divulga um cartilha com procedimentos visando sua segurança. O procedimento responde pelo mnemônico Corra, Esconda-se, Lute! Em tradução livre:
1 – CORRA
- Tenha uma rota ou plano de fuga em mente;
- Deixe suas coisas para trás;
- Mantenha suas mãos visíveis.
2 – ESCONDA-SE
- Esconda-se em um local fora da visão do atirador;
- Bloqueie as entradas do seu esconderijo e tranque as portas;
- Silencie seu telefone e/ou pager.
3 – LUTE
- Como último recurso e apenas se sua vida estiver em perigo iminente;
- Tente incapacitar o atirador;
- Aja com agressão física e arremesse coisas no atirador.
LIGUE PARA A EMERGÊNCIA, SE FOR SEGURO: 190
Espero que os dados forneçam uma melhor visão geral deste tipo de ocorrência. E, mais importante, que sirvam para alertar quanto a importância de estarmos sempre preparados para lidarmos com episódios assim.
Não deixe de ver: https://www.fbi.gov/about/partnerships/office-of-partner-engagement/active-shooter-resources/responding-to-an-active-shooter-crisis-situation
Dados: https://www.fbi.gov/file-repository/active-shooter-incidents-in-the-us-2018-041019.pdf/view