Considerações Iniciais
Durante todo esse período que o Portal Informas está no ar, vários artigos foram publicados sobre diversos assuntos, relativos a segurança e autodefesa. Esses artigos abordaram sobre técnicas de tiro, fundamentos de tiro, fatores psicológicos do estresse, consciência situacional, código de cores, dentre outros temas de extrema relevância que sempre convergem para o que fazer em uma reação armada.
No entanto, como já verificado nos artigos, reagir não é uma tarefa simples por parte de quem pretende realizá-la, pois além de exigir uma complexidade de ações desgastantes e violentas, também exige que o operador identifique corretamente uma ameaça e analise suas potencialidades e fragilidades. Ou seja, perceber e interpretar uma ameaça pode ser o fator fundamental para a sobrevivência do operador.
Leitura da Ameaça
Para qualquer cidadão ou profissional da segurança identificar que uma determinada pessoa representa uma ameaça, será uma tarefa muito difícil. Contudo essa identificação poderá ser realizada com segurança e com sucesso se algumas informações forem observadas. A leitura corporal do indivíduo, por exemplo, é capaz de transmitir sinais que podem ser interpretados e que, possivelmente, revelam as atitudes que a pessoa pode tomar.
Normalmente o marginal procura comparar os riscos e os benefícios em sua ação. Na concepção de Nakayama, na sua Obra Agente de Segurança Pessoal, a primeira etapa é o levantamento para a ação criminosa, em que há a escolha da vítima. Neste momento, há diversos indicadores que chamam a atenção e que devem ser percebidos e estudados:
- Roupa – Deverá estar compatível com o ambiente, caso contrário deve-se imediatamente acionar um alerta, exemplo disso seria alguém, em altas temperaturas, com jalecos ou capotes, onde provavelmente podem ter armas escondidas. Deve-se atentar também para o uso de bonés causando, por exemplo, sombras e cobrindo a face do rosto – significa que o indivíduo pode propositalmente estar se escondendo por planejar uma ação criminosa.
- Acessórios – O uso de acessórios em situações desnecessárias, como bolsas (pochetes, sacolas, etc) podem ocultar armas, luvas em lugares quentes, jornais, entre outros.
- Posicionamento – O marginal sempre ocupará posições em que poderá obter vantagem sobre a vítima. Assim, é preciso suspeitar de pessoas próximas a portas de banco, pedindo esmola, no meio de um cruzamento, por exemplo.
- Movimentação – Sempre deverão ser observados os olhos e as mãos de suspeitos, pois estes costumam se comunicar por sinais e olhares para membros da sua gangue, manusear rádios telecomunicadores, celulares, armas brancas, armas de fogo e outras.
- Porte Físico – O porte físico também deverá ser levado em consideração, pois bandidos com portes avantajados tendem a menosprezar vítimas mais franzinas.
Conclusão
Além dos indicadores citados, vários estudos já abordaram os efeitos de tensão que pessoas sofrem antes de cometer uma ação hostil e criminosa. Esses sinais são desencadeados quase sempre em conjunto com outros sinais de ansiedade e tensão, são eles: face avermelhada, boca semiaberta, dentes cerrados, respiração rápida, movimentos repetitivos, muitas vezes exagerados, fechar punho, estalar dedos e articulações, colocar mãos atrás da cabeça ou do pescoço, vários tiques nervosos e olhar fixamente ou encarar sem conseguir discrição.
Pelos assuntos elencados pode haver a sensação que foi apenas descrito o óbvio. No entanto, colocar o óbvio em prática e ainda rotineiramente será uma tarefa muito difícil e extremamente desgastante, mas que poderá fazer toda a diferença em uma evolução da situação para uma confronto armado.
Por fim, o entendimento mais razoável é que uma ameaça provavelmente sempre estará se mostrando às vítimas de forma indireta, portanto cabe a todos estar atento, ativando corretamente os níveis de alerta, e procurar sem nenhuma atitude paranoica desvendar, sempre que possível, esses sinais, além de interpretá-los dentro de um contexto real e, sem dúvida alguma, ficar sempre em condições de reagir e sobreviver. Afinal de contas, voltar para casa, vivo, é o que sempre importa.