FBI e seus estudos
O FBI designou 61 tiroteios em 2021 como incidentes de atiradores ativos. A definição de um atirador ativo conforme o FBI, como um ou mais indivíduos ativamente envolvidos em matar ou tentar matar pessoas em uma área povoada. Veja que ele não define obrigatoriamente que o indivíduo esteja armado com uma arma de fogo, basta ele ter qualquer instrumento para a prática do ato. Desta forma, o FBI trabalha proativamente para identificar incidentes que atendam ao escopo do estudo, utilizando informações internas do FBI acervos e repositórios, autoridades oficiais de aplicação da lei relatórios (quando obtidos), bem como de código aberto dados.
No Brasil, Racorti e Ratti (2023) adotam e propõem o termo “ataque ativo”, que pode ser entendido como um “incidente crítico dinâmico em que um ou mais indivíduos, estão ativamente motivados a matar indiscriminadamente o maior número possível de pessoas em determinado local, podendo fazer uso de quaisquer meios à sua disposição”.
Entretanto , não há nenhum banco de dados obrigatório, ponto de leitura ou entrada central para relatar incidentes com atiradores, que existe para outros crimes. Ao avaliar incidentes de tiro para determinar se eles atendessem à definição de atirador ativo do FBI, os pesquisadores consideram inclusão:
- Tiroteios em lugares públicos
- Tiroteios ocorrendo em mais de um local
- Disparos onde as ações do atirador não foram o resultado de outro ato criminoso •
- Tiroteios resultando em assassinato em massa
- Tiroteios indicando aparente espontaneidade por o atirador
- Tiroteios em que o atirador parecia procurar metodicamente por potenciais vítimas
- Tiroteios que pareciam focados em lesões a pessoas, não prédios ou objetos
Este relatório faz parte de uma série de investigações ativas do FBI e dados relacionados a atiradores publicados desde Setembro de 2014. Estes relatórios não se destinam para explorar todas as facetas dos incidentes de atiradores ativos, mas fornecer aos policiais, as instituições de segurança, socorristas, corporações, educadores e o público com uma compreensão básica de incidentes com atiradores ativos.
Sobre o Artigo
Com base nestes dados e estudos, por meio da comunidade infoarmas, e todos os seus esforços importantíssimos para ajudar a sociedade a combater e enfrentar esses eventos com seriedade, profissionalismo, comprometimento, proatividade, altruísmo e amor, resolvi escrever esse artigo sobre a realidade de combater ameaças/agressores ativos em um cenário de CQB.
A realidade dos fatos no Brasil
Com a iniciativa do poder público/privado de colocar Policiais/Vigilantes armados dentro de escolas brasileiras depois do fato ocorrido em Blumenau no dia 05/04/2023, o segundo em menos de uma semana, que na minha opinião, uma atitude um pouco tardia, tendo em vista diversos casos já ocorridos no Brasil (no total 24 incidentes em 22 anos, praticamente uma média de 1 incidente por ano) até o momento na publicação deste artigo .
Apesar de ser uma ação inicialmente importante, entretanto precisamos compreender melhor esses casos, avaliarmos, e realizar treinamentos fundamentais para os agentes inseridos nestes cenários. O treinamento deve fornecer métodos de conscientização, preparação, prevenção e resposta. Principalmente treinamentos com civis, com teorias e práticas, não só com apresentações, palestras…etc que são importantes também porém a prática deve ocorrer, pois uma grama de ação vale uma tonelada de teoria.
Organizações como empresas, locais de culto ou educação optam por patrocinar o treinamento de atiradores ativos devido à preocupação de que, em 2013, 66,9% dos incidentes com atiradores ativos terminaram antes da chegada da polícia aos Estados Unidos. Reconhecendo o aumento da ameaça de atiradores ativos e a rapidez com que os incidentes de atiradores ativos se desenrolam, [nossos] resultados do estudo apóiam a importância de treinamento e exercícios – não apenas para a aplicação da lei, mas também para os cidadãos… responder em minutos, os civis muitas vezes tiveram que tomar decisões de vida ou morte e, portanto, devem estar envolvidos em treinamento e discussões sobre as decisões que podem enfrentar.
Relatório FBI
O FBI enfatiza ainda que o treinamento e os exercícios civis devem incluir: ‘uma compreensão das ameaças enfrentadas e também dos riscos e opções disponíveis em incidentes com atiradores ativos.
Policial/Vigilante armado nas Escolas
Em alguns estados brasileiros se optou por colocar 1 policial ou 1 vigilante armado nas escolas, outros com maior contingência conseguirão deixar 2 policiais em cada escola. Em outros lugares, a ronda escolar foi a melhor escolha. Lembrando que a demanda de ocorrências e crises na rua não param diante de eventos paralelos que exige mais cuidado e atenção das autoridades locais.
Sendo assim, o policial ou vigilante designados para tal missão de proteger a escola, necessitam o mínino de treinamento possível para cumprir com exito a árdua tarefa de manter a escola segura enquanto estiver lá. Digo isso, por razões práticas, em que tudo pode estar tranquilo, e de repente ocorre o caos. Muitos policiais trabalham/operam em ambientes “VUCA”, o que isso significa ?
O VUCA significa Volatility, Uncertainty, Complexity e Ambiguity. O conceito foi criado pelo Army War College, dos Estados Unidos, no final dos anos 1980 para descrever o cenário do mundo pós-Guerra Fria: volatilidade, incerteza, complexidade e ambiguidade (traduzido para o português).
- Volatilidade (V – volatile): relacionada à imprevisibilidade e extensão da mudança, operar em um ambiente volátil significa enfrentar desafios frequentes que atrapalharam o andamento de atividades diárias. Por conta disso, muitas vezes é difícil diferenciar entre urgência e importância.
- Incerteza (U – uncertainty): resultado de ambientes voláteis, está relacionada à incapacidade de prever e medir certos eventos externos. Em outras palavras, ninguém pode antecipar e prever com exatidão o que o amanhã trará.
- Complexidade (C – complexity): caracteriza-se por um ambiente no qual há informações que estão disponíveis ou podem ser previstas, mas seu volume ou natureza podem torná-las difíceis de serem processadas.
- Ambiguidade (A – ambiguity): leva à emissão de diferentes mensagens, aos mal-entendidos, à confusão entre causa e efeito, aos conflitos de interesses (voluntários ou não) ou à impossibilidade de entender completamente uma situação.
Os ataques em escolas por agressores podem transformar o ambiente escolar num pandemônio, e o policial/vigilante ao perceberem as mudanças radicais e impiedosas, já estão completamente no olho do furacão.
Um exemplo real, foi ocorrido no ataque a Universidade de Columbine, em 1999, por dois jovens adolescentes alunos da universidade. Em uma investigação jurídica, foi apurado que ambos agressores tinha produzido bombas caseiras com a intensão de explodir a biblioteca.
Após estacionarem seus carros—cada um contendo bombas escondidas, programadas para explodir às 12h00—[36] a dupla se encontrou próximo ao carro de Eric e armou duas bombas de propano de 20 libras (9kg) antes de entrarem na lanchonete, poucos minutos antes do início do turno do lanche “A”. Os dois colocaram mochilas contendo as bombas—programadas para explodir aproximadamente às 11:17,[15] dentro da lanchonete, antes de voltarem separadamente aos seus veículos para esperar a explosão e atirar nos sobreviventes que tentassem fugir do edifício. Se essas bombas estivessem explodido com força máxima, Eric e Dylan poderiam ter matado ou ferido gravemente todos os 488 estudantes que estavam na lanchonete, e, possivelmente, poderiam ter derrubado o teto, deixando cair parte da biblioteca na lanchonete.
Arquivo do FBI sobre o ataque de Columbine
O Vice-Xerife de Jefferson County, Neil Gardner, foi designado para ser o policial responsável pela vigia da escola em tempo integral. Neil costumava lanchar com os alunos na lanchonete, mas neste dia, ele optou por comer seu lanche em seu carro de patrulha, no noroeste da escola, onde monitorava alguns alunos no Smokers’ Pit, no Clement Park. Os funcionários de segurança da Columbine High School não viram as bombas serem colocadas na lanchonete, pois um guarda estava substituindo a fita de vídeo de segurança da escola quando isto aconteceu. As mochilas que continham as bombas estavam visíveis na nova fita de segurança, mas não foram identificadas como itens suspeitos. Nenhuma testemunha se lembrou de ver as mochilas sendo colocadas no meio das 400 outras mochilas dos alunos que já estavam na lanchonete.
Uma lição aprendida rapidamente com Columbine foi a de que os primeiros agentes da lei desempenham um papel crítico durante situações de atirador ativo. Olhando para trás historicamente, desde a criação das equipes da SWAT, a profissão de aplicação da lei condicionou a função de patrulha a falhar em uma situação de atirador ativo como Columbine. Não só houve muito pouco ou nenhum treinamento tático fornecido aos patrulheiros para responder a esse tipo de evento, mas também o treinamento fornecido reforçou o conceito de contenção e convocação de equipes da SWAT para lidar com situações críticas. Foi muito fácil sentar e criticar os Primeiros Interventores em Columbine e culpá-los por não perseguirem os suspeitos até a escola para encerrar o ataque mais cedo; no entanto, não devemos esquecer o fato de que eles não foram treinados para fazer isso (BLAIR ET AL, 2013, Tradução nossa).
Tiveram de ser estabelecidos protocolos de resposta para ensinar aos agentes de patrulha as táticas , técnicas e procedimentos necessários para pôr fim à matança o mais rapidamente possível, mantendo ao mesmo tempo a segurança dos agentes. Estas respostas concentraram-se primeiro numa resposta de equipe e depois evoluíram para desenvolver procedimentos apropriados de respostas individuais.
É incontrolável certos acontecimentos, a imprevisibilidade muitas vezes colabora com as ações destrutivas dos atiradores/agressores, isso só nos faz ficar ainda mais desorganizados é indecisos em um incidente crítico em tempo real. O grande amigo Cel. Racorti explica que:
Incidentes críticos na área de Segurança possuem características cujo conhecimento é fundamental para uma resposta rápida e adequada. O conhecimento e estudo das formas de ação e das fases de um incidente crítico preparam os agentes para as ações, aumentando assim as possibilidades de sucesso.
Um incidente crítico é aqui entendido como qualquer evento que coloque vidas em risco, cause danos graves a patrimônio ou meio ambiente, cause impacto significativo na confiança da sociedade e, por conseguinte, na sensação de segurança, exigindo resposta célere e integrada de diversos órgãos e instituições com emprego conjugado de meios e gestão estratégica para a resolução.
Ao se observar a incidência de um evento crítico, a resposta da sociedade, através de seus órgãos públicos e particulares, deve ser ágil, integrada e resiliente frente à adversidade, a fim de evitar que seus efeitos se agravem, buscando a eficiência. Para tanto, deve-se aplicar o estado da arte das ciências policiais voltado para o gerenciamento de incidentes de modo a mitigar, prevenir, responder e recuperar os efeitos postulados dessas causas, a fim de evitar ou minimizar as consequências dos incidentes.
V. Racorti Coronel da PMESP e instrutor pela Universidade do Texas/Programa ALERRT. Comandou o Batalhão de Operações Especiais, que compreende o GATE e o COE.
Certamente existem vários tipos de incidentes, entretanto os incidentes de conflito são mais perigosos e complexos, atuando por diversas vezes na psique humana, o que evidencia a necessidade lógica de, para que as instituições públicas tenham sucesso, o suspeito ou o grupo sejam desencorajados de iniciar ou prosseguir em seus objetivos ilegais, ou ainda, que os agentes públicos reconheçam a inabilidade e entendimento dos agentes agressores e possam agir de forma célere e efetiva contra eles. Neste tipo de incidente os suspeito(s) devem ser capturados, imobilizados ou eliminados. Os exemplos incluem marginais barricados, tomadores de reféns, criminosos em fuga, ação de quadrilhas atiradores ativos entre outros.
Os policiais/vigilantes devem ter um treinamento adequado e integrado, juntamente com toda a sociedade civil local, seja para uma escola, um shopping, uma faculdade…etc. Esses treinamentos devem incluir Atendimento Pre Hospitalar de Combate, Equipamentos como kit de arrombamento e escudo para os primeiros interventores , Treinamento de Tiro Básico, CQB Sozinho ou em dois ou mais operadores,Protocolos práticos entre outros conhecimentos.
Quando um atirador abriu fogo contra uma multidão de milhares de pessoas, no Route 91 Music Festival em 2017, havia dezenas de indivíduos na multidão que sabiam o que precisava ser feito e imediatamente começaram a ajudar as pessoas a se proteger e evacuar os feridos (militares de folga, EMS, bombeiros etc.). No entanto, havia apenas um punhado de indivíduos na multidão que tinham o treinamento e as ferramentas necessárias para deter o atirador. Esses poucos eram policiais.
Como policial, a pessoa faz parte daquele pequeno grupo de indivíduos que possui o treinamento e as ferramentas necessárias para interromper o tiroteio. É imperativo que ele aceite essa responsabilidade e permaneça focado nessa tarefa- chave até que ela seja concluída. Isso significa que o policial pode ter de contornar indivíduos gravemente feridos enquanto estiver no mesmo lugar que o atirador. Falaremos mais sobre isso mais a frente.
E não podemos esquecer do reforço das ideologias frequentemente ensinadas como: “Correr/Esconder/Lutar”, conforme apresentado pelo Departamento de Segurança Interna (DHS), “Evitar, Negar, Defender”, que foi desenvolvido pelo centro ALERRT da Texas State University , [11] [12] “ALICE” que é um acrônimo para “Alert, Lockdown, Inform, Counter, Evacuate” oferecido pelo Navigate 360, e “STAAAT” ou “Situational Threat Treinamento de Conscientização, Avaliação e Ação” desenvolvido pelo Security Advisors Consulting Group. Existem diferentes pontos de vista sobre a eficácia de certos conceitos e as normas são constantemente atualizadas com novos dados e métodos.
Ciência Activer Shooter
As ciências policiais são certamente cruciais para entendermos melhor os evento críticos que norteiam a segurança pública, desta forma usando a inteligência tática e estratégias no confronto real em conjunto com a sociedade.
O combate nestes ambientes não necessariamente serão em regra numa estrutura fechada, como uma escola por exemplo, geralmente os lugares escolhidos estão relacionados a sua fragilidade, aglomero de pessoas com baixa segurança. Nos EUA, houve 434 incidentes de atirado ativo, no período de 2000 até 2021, destes, 79 em foram em áreas abertas porém 162 foram em áreas fechadas. No Brasil, há uma prevalência dos ataques serem em escolas, no mesmo período estudado foram 21 casos registrados, sendo praticados em 4 lugares diferentes: escola, igreja, via pública e shopping.
Parar a Matança e Parar a Morte
Existem dois tipos de pessoas, àqueles que podem lutar e as que não podem, então quando falamos de “Parar a Matança” estamos falando no enfrentamento do causador da crise o mais rápido possível, após isso teremos “Parar a morte”, isso significa salvar vidas que precisam ser salvas nos primeiros atendimentos e suporte na zonas quentes.
É indiscutível que uma equipe, radiopatrulha, um policial de folga tenhas habilidades operacionais, os primeiros interventores devem dar prioridade a vidas não atacadas que podem ser salvas é só depois averiguar as vidas que sofreram o ataque. Essa transição entre “Parar a matança e Parar a morte” deve ser rápida, pois um ataque como esse tem uma média de tempo de 8 a 10 min, e cada segundo conta.
A resposta há de ser rápida para impedir a matança, eliminando rapidamente a capacidade do atacante de ferir outras pessoas. Isso se faz isolando, distraindo e neutralizando o(s) atacante(s).
“Se não fosse pelas ações heróicas de um dos policiais que responderam, inúmeras vidas adicionais poderiam ter sido ceifadas.”
Sherif Adam Garcia, sobre o atirador solitário que abriu fogo no campus principal da Universidade de Nevada, Las Vegas, 6 de dezembro, 2023, na quarta-feira, matando três pessoas e ferindo uma quarta antes de o suspeito ser morto a tiros pelo policial do campus.
Deve-se salientar também a velocidade com que os primeiros interventores na identificação do incidente, se realmente é uma situação de atirado ativo, ou uma situação de refém ou atirador barricado, deve se perguntar se o causador do incidente está impedindo que forças de segurança tente entrar ou chegar ao local, com objetivo de matar pessoas aleatórias, se a resposta for sim, os interventores devem agir imediatamente.
Podemos citar como exemplo, o tiroteio em massa em Orlando na Boate Pulse, o tiroteio foi o ataque terrorista mais mortal nos Estados Unidos desde os ataques de 11 de setembro , e o tiroteio em massa mais mortal da história moderna dos EUA até o tiroteio em Las Vegas em 2017. Dois ex-membros da SWAT, um deles especialista em táticas de atirador ativo e instrutor , expressaram dúvidas sobre o atraso de três horas na invasão da boate, citando a lição aprendida com outros tiroteios em massa de que os policiais só podem minimizar as vítimas entrando rapidamente em um local de tiro, mesmo se isso significar colocar-se em grande risco.
Protocolos
Vivemos em um protocolo desde antes de nascer, durante a vida e até depois da morte. Tudo tem um cadastro, uma sequencia e parâmetros a se seguir.
A verdade é que vivemos num mundo cheio de regras e servem como orientações de como agir, se comporta, reagir… quem nunca leu a frase “Em caso de incêndio quebre o vidro”. Frases como essas estão atreladas a protocolos de segurança, emergência e crise para que o indivíduo consiga não só entender mas agir corretamente.
Para ajudar o primeiro interventor, vou citar protocolos que utilizo em situações de atiradores ativos, principalmente em ambientes fechados e com aglomerado de pessoas. Vale lembrar que alguns desses protocolos não foram citados em procedimentos de nenhuma instituição ou empresa que eu tenha conhecimento, foram criados ou adaptados a partir do presente estudo e com base na experiência e conhecimento do autor, e eles não são 100% infalíveis nem são considerados verdades absolutas. Até porque os atiradores ativos não tem um padrão definitivo, e são diferentes um do outro, é realmente uma tarefa árdua cria protocolos unificadores verdadeiros que salvam vidas diante das crises derradeiras.
A verdade absoluta é a verdade dos homens e para os homens. Não interessa a verdade enclausurada em si mesma. A verdade é verdade no meio dos homens, na sua objetivação, na relativização de seu caráter absoluto. A verdade é constituída como verdade na medida em que se aliena na realidade humana.
Esclarecido isso, vamos aos protocolos de CQB One Man para Respotas Imediatas contra Atiradores Ativos que não estão em ordem prioritária:
- Ações Diretas – Durante a progressão de cômodos, corredores, salas, escadas…etc suas ações devem ser rápidas e diretas, você está caçando o atirador, e você não tem tempo para progressões lentas e entradas metódicas.
- Ouça mais e faça perguntas – Use seus sentidos com precisão, principalmente sua audição para descobrir aonde as origens dos disparos, gritos, a origem da evasão de pessoas, aproveite e faça perguntas para pessoas locais e seja objetivo é breve. Busque saber como o atirador está vestido, qual foi sua última localização é que arma ele está utilizando. No incidente de Nashville, o atirador foi encontrado em menos de 3 minutos após a chegada da polícia na escola, os policiais ao ouvir os disparos vindo de um corredor, rapidamente se deslocaram e neutralizaram o atirador que estava no momento da ação atirando em outros policiais que chegavam no local. As ações de Engelbert e dos outros socorristas foram comparadas à muito criticada resposta da polícia em Uvalde, TX, quando um atirador matou 21 pessoas em uma escola primária enquanto os policiais demoravam mais de uma hora para encerrar o ataque. Smith descreveu a resposta dos policiais de Nashville como a “antítese” da polícia de Uvalde.
- Velocidade e Ação de Choque – Termos já conhecidos no CQB, e neste cenário é de grande valia a utilização. A velocidade está relacionada com o tempo que você leva para não só chegar ao ponto crítico (aonde o atirador está) mas também na entrada dos cômodos. A Ação de Choque pode ser vista como usar meios de distração contra o atirador, utilizando granadas de luz e som para sobrecarga seu sistema nervoso e diminuir seu tempo de resposta. No presente cenário e diante da realidade (primeiro interventore(s) usaremos uma postura dominante e verbalização que aumentará a probabilidade do atirador ficar congelado no processo decisório. Como meio de distração pode ser usado uma cadeira ou qualquer objeto que faça barulho, jogando dentro do cômodo antes de entrar. Uma estudo feita pelo ALERTT que envolveu um experimento com 113 participantes no papel de um suspeito escondido no canto “cego” de uma sala de frente para a porta. O membro da equipe de pesquisa que fazia o papel de policial fazia uma entrada tradicional na sala ou fazia com que outro membro da equipe jogasse uma cadeira na sala antes de fazer a entrada tradicional na sala. Atirar uma cadeira distraiu os participantes suspeitos, diminuindo o tempo de reação, embora não tenha afetado a precisão do tiro. Além disso, cerca de um terço dos participantes disparou contra a cadeira antes de os agentes entrarem na sala. Se um policial precisar entrar na sala, jogar uma cadeira ou outro objeto claramente visível pode salvar a vida do policial.
- Neutralize primeiro salve depois – A prioridade é a vida, e cada segundo conta, você não pode ficar 10 segundos arrastando uma vítima baleada no corredor, podem ser mais 10 vítimas mortas neste mesmo período, aliás muitos procedimentos Pre Hospitalar requer o recoldreamento do armamento, que deixa o interventor vulnerável caso o atirador apareça no local. Desta maneira com a neutralização do atirador em prioridade e concluída com sucesso e o ambiente seguro, o interventor pode salvar as pessoas sem preocupações de ser alvejado ou perder mais vidas.
- Entradas Dinâmicas – O tempo acelera a ação, então entradas cobertas e deliberadas não são bem vindas neste cenário, o interventor precisa entrar no cômodo o mais rápido possível com técnica e tática. O CBQ é 90% de TTP e 10% tiros, em circunstâncias atipicamente caótica a maneira como você se move, como entra, como manipula seu armamento, como pensa estrategicamente… influência na sua proficiência de como resolver problemas. Saber atirar é importante, mas como operar nestes locais é que vai te levar ao seu alvo com eficiência.
- 540° de Consciência Situacional – É extremamente importante que o interventor escanea visualmente toda a estrutura da crise tanto externa quanto interna, em ângulo baixos e altos olhando para janelas, portas, escadas, aberturas, sacadas e terraço. A maioria dos Primeiros Interventores alvejados no atendimento de eventos de Ataques Ativos é nos momentos da chegada à ocorrência, ou seja, no momento do caos. Observamos nos resultados o seguinte: 60% dos policiais que foram baleados no início de um evento de ataque ativo, o foram antes de aplicar o procedimento próprio para ataque ativo (BLAIR, 2022). Os policiais de primeira resposta têm cerca de duas vezes mais chances de serem baleados fora de uma estrutura do que dentro, mas o treinamento de resposta do atirador ativo é mais focado em operações internas do que externas, por exemplo (ALERRT; FBI, 2020).
- Velocidade de Deslocamento depende das circunstâncias – A velocidade de chegar a zona quente aonde o atirador está vai depender das circunstâncias. Os Primeiros Interventores devem, pois, perceber que não há uma “velocidade certa” de movimento para uma resposta de Ataque Ativo. Em vez disso, os policiais hão de reavaliar constantemente suas circunstâncias atuais e ajustar a sua velocidade adequadamente. Por exemplo, os primeiros que atravessam um grande campo de futebol para chegar à escola secundária adjacente podem optar por correr pelo campo, porque suas pistolas não são eficazes para longo alcance e, por conseguinte, a velocidade é sua melhor defesa contra um atirador portando um fuzil. A velocidade é inversamente proporcional ao tempo, sendo que, a medida que os policiais se aproximam da localização presumida do invasor, eles devem continuar a se mover com propósito, mas também caminhar suave e silenciosamente e se mover apenas o mais rápido possível para disparar com precisão e processar as informações. Os Primeiros Interventores devem considerar o conceito de Força Motriz [16]ao decidir a velocidade de movimento mais apropriada a qualquer momento durante uma resposta de Ataque Ativo. Racorti ainda trás três velocidades de movimento sendo elas:
Sprint (corrida): Essa velocidade é usada durante Bounding Overwatch (vigilância limitada) e em outros momentos quando o atacante está fora do alcance efetivo da arma do policial, mas o policial pode estar dentro do alcance efetivo da arma do atirador. Exemplos: policial utilizando pistola (50 m) e atirador com fuzil (300 m); ou policial utilizando fuzil (300 m) e atirador com rifle de precisão (+1000 m).
Se estiver correndo com uma pistola, ela deve estar fora do coldre, caso uma ameaça inesperada dentro do alcance apareça repentinamente, mas não há necessidade de tentar manter o cano estável e apontado para a ameaça. O objetivo principal durante a corrida é mover-se o mais rápido possível de cobertura a cobertura até que o atacante esteja dentro do alcance efetivo da arma do policial. Enquanto se corre, é importante que o policial mantenha o dedo fora do gatilho e evite apontar o armamento a outros operadores de segurança pública ou civis inocentes.
Direct-to-striker (direto para o atacante): Esta velocidade está entre uma caminhada rápida e uma corrida. É usada dentro do local do ataque quando os policiais têm motivos para acreditar que uma morte ativa está ocorrendo e eles têm ciência disso; direcionam-se, então, para a localização do atacante. A velocidade direta para a ameaça é mais suave do que a velocidade de sprint e os policiais precisam manter seus canos apontados para frente a fim de poderem enfrentar o atacante com relativa precisão se ele aparecer repentinamente.
Researchers (pesquisador): Esta velocidade é uma caminhada de ritmo médio, muito suave e silencioso. É usada quando uma equipe de contato está cobrindo os últimos metros antes de chegar ao local presumido no qual o atacante se encontra. Nessa velocidade, o cano da arma do policial deve estar estável e permitir tiros precisos. Essa também é a velocidade usada pelos policiais para iniciar uma busca sistemática no prédio se não houver força motriz presente para levá-los ao local do atacante.
- Comunicação – É necessário que o interventor comunique o mais rápido possível o fato para as autoridades locais e se estiver fora de serviço, passar suas características para não ser confundido pelo atirador. As informações devem ser repassadas com clareza e de maneira simples.
Esses na minha humilde opinião, encontram-se como os protocolos mais importantes contra um Atirador Ativo em um ambiente de CQB. Não podemos esquecer dos equipamentos adequados a essa tarefa, como lanterna, um kit de aph, carregador sobressalente… esses equipamentos podem ser visto em um kit de EDC ( Every Day Carry). Se tratando de interventores fardados, além de seus equipamentos padrões de patrulha, um conjunto de arrombamento é indispensável, por conseguinte, atiradores ativos historicamente barricarem portas.
Em Virginia Tech foi a necessidade de os Primeiros Interventores terem equipamentos para arrombamento tático. Simplesmente o atacante acorrentou e trancou as portas de entrada, retardando a entrada da polícia no prédio. Nesse caso, muitos dos Primeiros Interventores eram, na verdade, membros da equipe SWAT treinados e equipados para arrombamento com espingarda. Podemos imaginar quantas outras vítimas poderiam ter sido baleadas e mortas antes que os policiais pudessem entrar no prédio. Sim, os equipamentos de arrombamento e invasão manual, bem como espingardas para o policial de patrulha, inéditos antes dos ataques na Virginia Tech, agora estão se tornando padrões de treinamento em todo o território dos EUA. (RACORTI 2023)
Habilidades Individuais
Existem atualmente uma variedade de metodologias sobre como entrar e limpar um cômodo tanto sozinho quanto em equipe. No caso deste artigo falaremos um pouco sobre realizar essas entradas sozinho e em dupla. É indiscutível que a maioria das valências do CQB é predominantemente individual, e isso não é científico é um fato. Quando surgi o termo “CQB Sozinho”, os ignorantes pensam que é algo voltado a fazer tudo sozinho, e estão errados.
É sobre habilidades individuais construídas numa semântica de equipe, pois as todas elas serão usadas sozinho ou não. Seja numa manipulação do armamento, na movimentação em frente ao portal, seja em buscas de ameaças em cantos pesados, resumindo: O CQB só faz sentido se entendido dentro de uma proposta tática, com o treino visando a implementação de uma “cultura para operar “. Ou seja, a forma de operar é construída e o treino consiste em modelar os comportamentos e atitudes dos operadores/equipes, através de um projeto orientado para o conceito de treino/operações. Segundo Frade (2003) a tática emerge a partir da relação intencional das ditas dimensões técnica, física, psicológica e estratégica.
Ou seja, um bom operador é construído pela relação das capacidades físicas, técnicas, cognitivas e táticas. Caso contrário, os melhores equipes de futebol por exemplo seriam formadas apenas por maratonistas quenianos, Usain Bolt e Arnold Schwarzenegger, sendo os mais resistentes, rápidos e fortes. As habilidades desenvolvidas sozinhas serão entregues de maneira tática e estratégica dentro de qualquer equipe.
Entradas de 1 e 2 Operadores
Alguns dos combates mais difíceis de CQB que as forças dos EUA enfrentaram aconteceram durante a ocupação do Iraque pelos EUA em meados dos anos 2000, desde a 1ª e 2ª Batalhas de Fallujah até o enfrentamento do Exército Mahdi em Bagdá.
Sendo o Iraque um país geralmente plano e desértico, os insurgentes fizeram bom uso da única cobertura disponível: o terreno urbano. Foi durante essas operações urbanas que as Operações Especiais perceberam que as técnicas CQB padrão que existiam desde sempre não estavam realizando o trabalho com base no método de limpeza de salas para quatro homens, conforme descrito no Battle Drill 6A.
As técnicas expunham desnecessariamente atacantes amigos ao fogo inimigo. Como resultado, em 2006, as Forças Especiais do Exército dos EUA começaram a implementar mudanças no SOP sobre entrada em salas e CQB para atender às demandas reais dos combates urbanos. Isto levanta a questão: “Por que é que as técnicas padrão acabaram por não funcionar tão bem em primeiro lugar?” Bem, uma das razões é o facto de as técnicas militares de CQB dos EUA terem as suas raízes no resgate de reféns (HR) e não no CQB, onde destruir o inimigo é a prioridade.
E diante desta premissa mutação operacional é que devemos reorganizar a maneira como estamos lidando com ameaças em recintos estruturados com civis e refletir se essa ameaça é a mesma enfrentada em ocorrências convencionais. Se não for porquê então estamos utilizando as mesmas estratégias?
No próximo parágrafo, não estou escrevendo sob um pedestal, nem sob um trono, estou doando soluções razoáveis e racionais a um problema nefasto, para o uso público. O presente autor repudia qualquer polarização que venha a desconstruir o pensamento e o argumento livre. O excesso de polarização compromete o debate saudável e contributivo. Em uma sociedade concentrada em dois lados radicalizados, adversários são vistos como inimigos, o diálogo não é incentivado– é até condenado – e ofender ou debochar do outro parece justificável.
Quem procura se manter fora desses grupos, apresentando outras visões e ideias, ou mesmo quem defende que ambos os lados têm suas falhas e virtudes, é tratado como “isentão”. E as redes sociais são os maiores culpados dessa discórdia dê inimizades e birras.
Seguimos sempre na busca do conhecimento, pois em nenhuma momento da história a ignorância foi melhor do que o conhecimento.
VAMOS LÁ!!
- Entrada DINÂMICA COMPENSADA 1 Operador
Essa é uma entrada que sua velocidade é o fator mais importante, pois o operador deve treinar esse tipo de entrada e sua movimentação juntamente com fundamentos de tiro em deslocamento. E saber distinguir a velocidade da rapidez é crucial, a velocidade como um dos princípios que norteiam o CQB e à rapidez como fator relacionado ao deslocamento e a rapidez dos movimentos.
Nesbit (2007, p.104, tradução nossa, grifo nosso) explica, ainda, a diferença entre velocidade e rapidez, esta relaciona-se com movimento e varredura, aquela com domínio eficiente da edificação:
[…] o termo velocidade geralmente é confundido com a rapidez com que um operador ou uma equipe se movem. Você só pode mover-se o mais rápido possível para disparar com precisão ou o mais rápido possível para processar informações. Não seria bom correr de um lado a outro, se você não puder engajar seus alvos com precisão. Seria a falha da missão se mover tão rapidamente para uma sala que você não possa reconhecer ou distinguir um alvo não “atirável” e matar o refém.
A velocidade é muitas vezes referida como uma pressa cuidadosa, mas cada indivíduo ou equipe terá sua própria velocidade. Essa velocidade deve ser aquela em que o indivíduo ou equipe processe adequadamente as informações e evite erros que consomem tempo.
Quando pensamos em velocidade como princípio, considere isso em termos de quanto tempo levaremos para dominar uma estrutura ou a como se mover de forma rápida e eficiente para nossos pontos de dominação.
Essa é uma entrada que é feita geralmente quando há suspeitas ou indícios que aja pessoas dentro do cômodo, havendo essa ciência do operador ele fará uma entrada dinâmica com a velocidade reduzida. Vale destacar a movimentação do operador antes de entrar no cômodo, sendo que sua movimentação inicial começa em um dos lados da porta (aberta ou fechada), fazendo uma movimentação igual um fatiamento porém escalonado e parcial enquanto faz uma varredura, ao chegar no meio do portal, por intuição/instinto ele escolhe o lado que vai dando prioridades a ameaças primárias.
Lembrando da velocidade, não é lenta, e quase que uma corrida em passos largos. Não confunda com a entrada de “Verificação pelo Centro”, que se faz mais longe da porta e pode ser mais lenta.
O interventor faz um Pre Check antes de se compromete no portal, ele caminha até o centro da entrada, faz uma leitura de 50% do cômodo e a partir das informações visualizadas reage aos estímulos ambientais e escolhe para qual canto vai. No esboço acima, observe, enquanto o operador tem a capacidade de movimentação/leitura ele consegue tomar decisões concientes e eficientes para confrontar o atirador em meio aos civis.
Ao entrar num cômodo e depara-se com civis e o atirador as coisas podem ficar complexa, e esse dinamismo ajuda a diminuir os riscos de inocentes serem feridos ou mortos tanto pelo interventor como pelo atirador. Lembrando que atiradores ativos não tem como objetivo fazer reféns, quando o interventor decide frear as ações e recua para não combater ou combater pela batente da porta, o atirador pode se aproveitar dessa defensiva e atirar em todo mundo no cômodo.
O segundo esboço é uma entrada pelo canto, e a movimentação é praticamente a mesma inicialmente, após chegar no meio do portal, o interventor escolhe para o lado que vai. Lembrando que a prioridade em cantos que devo ir serão sempre aqueles que o interventor não viu pelo lado de fora, cantos pesados/desconhecidos já supracitados nos artigos anteriores.
Veja pelo esboço à problematica se o interventor decidir combater pela batente, numa entrada limitada, ele não consegue visualizar o civil no canto pesado, e o atirador em segundos pode matá-lo, ou se for um civil alvejado caído porém vivo. É importante salientar que esses eventos são letais, em 2022 nos EUA, houve 22 policiais feridos e 1 morto. Como também em 50 desses incidentes 9 atiradores foram mortos e 39 presos.
Não existe uma varredura lenta nem fatiamento de torta, o interventor faz um Pre Visualização do lado de fora do cômodo, e depois avança até o centro , onde faz uma pequena pausa, e escolhe o lado que vai.
- Entrada Dinâmica com DUPLA VARREDURA
Essa é uma entrada híbrida de uma adaptação do ataque bilateral feito pela DOE DF, já demonstrei essa entrada em cursos e vídeos, peço ao leitor buscar na minha rede social ou frequentar nossos cursos presenciais. Dito isso, vamos aos detalhes.
Numa entrada pelo centro porta aberta, o 2º Interventor faz uma transposição de lado, enquanto o 1º interventor em vez de aguardar essa passagem, ele fornece uma cobertura (como se fosse uma entrada limitada) pela batente da porta, mas ele só toma de 30% a 40% no máximo, depois o leitor vai entender o motivo. Quando o o 2º Interventor chegar do outro lado, ele verá se realmente tem alguma prioridade (ameaças primárias ou secundárias) é quem está mais efetivo/próximo/visual para engajar.
Se caso o 2º Interventor ver uma prioridade como exemplo: uma pessoa/porta aberta dentro do cômodo, ele vai dar o sinal não verbal e vai entrar. Via de regra o operador que mais visualizou o cômodo tem, tem mais prioridade, então geralmente é ele que entra, entretanto se ele percebeu que no lado do 01 tem uma porta lá no fundo do cômodo e ele após a transposição não tem mais a visão dessa ameaça secundária, ele dará a entrada pro segundo operador.
Caso o 01 engajar/combater alguma ameaça durante a transposição do 02, o 01 tem prioridade, desta forma ele vai primeiro, isso numa entrada pelo centro/canto.
Se a porta estiver fechada, a sua violação será feita com a dupla pelo mesmo “single stack”, em fila/ombro a ombro/link, para que seja feita após abertura a entrada com dupla varredura caso contrário, os operadores terão que fazer outro tipo de entrada.
Lembrando, a velocidade desta entrada não é lenta e quanto menos uma velocidade de uma varredura deliberada. Os dois interventores usaram a mesma velocidade usada pelo um interventor sozinho. Destaque se aqui as velocidades já citadas de deslocamento: Sprint,Direct-to-striker e Researchers.
Cérebro X CQB em cenários Violentos
Para o presente estudo, vamos falar de duas partes funcionais do cérebro. Sendo dois sistemas operacionais básicos, sendo o Cérebro Reptiliano e o Cérebro Humano/Neocórtex
Na verdade essa divisão está relacionada a Teoria do Cérebro Trino que foi desenvolvida nos anos 1970 pelo neurocientista Paul D. MacLean e apresentada em 1990 no seu livro “The Triune Brain in Evolution: Role in Paleocerebral Functions”.
O Capitão PMSP, Adriano Enrico Ratti, grande estudioso e instrutor pela Universidade do Texas/Programa ALERRT e instrutor de Tiro Defensivo na Preservação da Vida “Método Giraldi” desde 2006, explica:
Quando estamos conscientes do que está ocorrendo, estamos usando o cérebro humano. A grande vantagem deste sistema é que ele é flexível. O cérebro humano nos permite aprender, considerar opções e desenvolver planos. Isso vem ao custo da velocidade. Quando se trata de tempo de reação, o cérebro humano é muito mais lento que o cérebro reptiliano. Também é preciso esforço para envolver o cérebro humano, e o cérebro humano não funciona bem sob estresse. Nosso cérebro tem uma série de sistemas de alarme que são ativados para nos preparar para lidar com a ameaça.
O seu cérebro reptiliano é muito mais rápido do que seu cérebro humano, não é à toa que na maioria das vezes pessoas despreparadas usam mais seu instinto de sobrevivência (que pode ter decisões estupidas) do que sua consciência intelectual (decisões pautadas por treinamentos e preparação).
Sua função é estimular o sistema límbico a reagir diante de situações de adversidade produzindo os hormônios necessários de acordo com a situação que se apresentar. Desta forma torna o ser humano mais forte, rápido, focado e “burro”! Porque você esta reagindo ao comando do seu cérebro inconscientemente, nem todas as reações fisiológicas são positivas! Imagine um motorista, dirigindo seu veículo pela via, e logo à frente tem uma ponte muita alta, quando o motorista entra na ponte, ele avista outro veículo vindo em sua direção na contramão, por desespero e numa reação instintiva ele desvia do veículo puxando o seu carro para fora da pista, mas seu veículo acaba caindo da ponte!!!
É possível a presença de vários efeitos colaterais sensoriais comuns a altos níveis de estresse, que muitos policiais relatam ter percebido durante o uso de força letal (CHRISTENSEN; ARTWOHL, 2019):
- Visão de túnel: seu campo de foco pode se restringir apenas à ameaça mais imediata e você pode não ver detalhes periféricos; é isso ocorre no CQB principalmente com operadores que tem armamentos com miras holográficas (grifo nosso)
- Exclusão de áudio: você pode parar de ouvir o que está acontecendo; relatos de operadores durante o confronto em recinto fechado não ouviram comandos/verbalização dos companheiros. (grifo nosso)
- Experiências fora do corpo: você pode se sentir como se estivesse fora de seu corpo observando o evento acontecer;
- Dilatações do tempo: as coisas podem parecer se mover em câmera lenta;
- Habilidades motoras reduzidas:você pode experimentar eficiência reduzida de suas habilidades motoras finas. Relatos, vídeos estudos demonstram que operadores chegam a perder suas principais habilidades, alguns não conseguem resolver problemas básicos como uma pane no armamento.(grifo nosso)
Naturalmente, não é possível reprimir completamente as ações do cérebro reptiliano. Principalmente porque suas funções são essenciais à sobrevivência. No entanto, a partir do momento em que o interventor se torna ciente delas, pode acionar com mais facilidade a ação do neocórtex – este, sim, responsável pelo pensamento de caráter racional.
Decisões estratégicas demandam um viés de raciocínio claro, transparente e incisivo. Estar simplesmente à mercê do cérebro reptiliano é, portanto, uma péssima característica no CQB em cenários violentos como supracitado neste artigo.
Então caros leitores, repito em negrito, você deve treinar a sua mente e o seu corpo, deve se habituar a cenários pouco degustados ou jamais experimentados, com doses de adrenalina, stress, perturbação, esforço físico…tudo isso faz com que, suas melhores habilidades consiga florescer nos piores cenários até mesmo novos ou diferentes, pois seu cérebro está executando um padrão interno que aprendeu, contingências dos sinais sensoriais aos quais foi exposto ao longo de sua vida, e está constantemente adivinhando o que vai acontecer com aquilo que ele já presenciou.
Sem falar que o próprio serviço policial é estressante e as vezes exaustivo, dependendo do dia, o policial pode estar esgotado, é isso pode sim degradar sua perfomance Uma pesquisa feita pela PUC-RS,UNICNEC e UNILASALLE, evidenciou-se que 65,1% dos Policiais Militares apresentaram sonolência diurna excessiva e mais da metade 50,6% apresentaram estresse no Trabalho. Identificou-se correlação entre sonolência diurna e o nível de estresse nos Policiais Militares associada às atribulações da profissão que contribuem para agravos em sua saúde e consequentemente na qualidade de vida.
Por fim
Senhoras e senhores, esse é um assim muito vasto e infinito, esse artigo era pra ser somente a metade do que foi, e acabei me empolgando e trazendo mais conteúdo, obrigado a você caro leitor pela oportunidade ímpar de poder dividir esse pequeno trabalho feito com muito carinho e dedicação.
E posso dizer aqui com muita alegria e satisfação que esse artigo é o estopim para a lapidação e desenvolvimento do meu livro, que lançarei se Deus permitir ainda esse ano sobre CQB. Agradecer também a Infoarmas, o Cel Racorti, Cap Adriano E Ratti, ao Sr. Jeff ex SFO, Sr. K.Morgan Ex Força Delta, Universidade ALLERT TEXAS, Universidade PUC-RS, UNILASALLE, UNICNEC, Operador M.Esperandio, Operador Brutus GT3,GBRS GROUP, COE AMAPÁ, Maj Paulo Augusto Aguilar, que de forma indireta ou direta foram cruciais para a finalização deste artigo é seu conteúdo.
Fiquem com Deus, e até a próxima!
Força e Honra aos homens de honra.