Estreando no portal, eu gostaria de falar sobre treinamento com a ferramenta do stress. Esse é um tema polêmico que traz à tona muito da indefinição que temos sobre o assunto e muito da visão distorcida por opiniões infundadas de filmes ou técnicas antigas.
Primeiramente, este tema daria livros e livros sobre o assunto, mas vou tentar ser o mais direto possível, tentando responder a perguntas que você deve se fazer quando está treinando um aluno ou a si próprio utilizando essa ferramenta.
Qual o objetivo de estressar um aluno no mundo das táticas e do tiro?
Você poderia pensar, corretamente, que é para simular o mais próximo de um encontro real e testar as habilidades e respostas desse aluno nos cenários montados.
Mas isso é correto? Você vai conseguir o máximo do seu objetivo?
E a resposta é depende!
Depende de como você montou o seu cenário, qual a progressão das medidas para causar o stress, quais as medidas corretivas foram utilizadas para aumentar a resposta final do aluno?
Porque colocar um aluno para realizar uma pista com stress em que ele tenha algum conhecimento teórico, pouco conhecimento prático e quase nenhuma experiência de desempenhar sob stress é muitas vezes não ser o mais efetivo no seu objetivo e só frustrar o aluno na visão de como ele poderia desempenhar e, muitas vezes, fazendo que ele treine menos.
Daí você pode pensar: Ele que se dane, se não conseguir fazer ele não serve para isso! O que muitas vezes é verdade, mas…. muitas vezes ele vai estar do seu lado e você vai precisar do auxilio dele… então é interessante que ele desempenhe o melhor que ele consiga em uma situação de stress.
Pensando nisso, como eu posso potencializar o resultado do meu treinamento com stress?
Primeiramente entender que você pode colocar “camadas” de stress diferentes conforme o aluno for passando por cada uma delas.
Em segundo lugar, quando o aluno tiver um erro grande ou não conseguir desempenhar uma ação, você chegou no teto dele. Retire o stress e tente que ele veja e entenda o erro dele, volte um passo.
Assim que ele entendeu e iniciou corretamente (teve o efeito corretivo) volte o stress para um nível de camada anterior e volte a acrescer as camadas conforme o(s) exercício(s) se desenvolve(m).
Muitas vezes, fazer o aluno passar pelo mesmo exercício, só adicionando camadas de stress em cada passagem (com correção), vai fazer uma evolução absurda no resultado final. A cada passagem ele vai estar mais tranquilo e focado, absorvendo os desafios e desempenhando melhor.
Camadas de stress:
- Antes de tudo, passar com aluno na pista, explicando e reforçando os conhecimentos teóricos aprendidos. Chamo isso de simulado andado. Ele passa pela situação e exercício sendo orientado calmamente.
- Aumentar o batimento cardíaco acima de 120bpm com exercícios físicos simples (ideal acima de 145 em média): O batimento cardíaco acelerado prejudica ações motoras finas, decisões de ações e memória. (obviamente com alunos saudáveis e liberados pelo médico)
- . Sobrecarga sensorial auditiva: como música, sons e conversas ao pé do ouvido para sobrecarregar o cérebro com absorção dados não relativos à atividade. dentro dos limites para não ter danos no nervo auditivo que pode ser irreparável)
- Compressão do tempo: utilizar timers ou cronógrafos simples para realizar a pista/treinamento.
- Restrição visual total ou parcial: não ter o apoio visual é um grande obstáculo para realizações de tarefas.
*Lembrar que a segurança do aluno é sua responsabilidade também.
Fazendo um exercício com objetivo claro, estruturado em camadas, realizando a correção (sem stress) e voltando na camada de stress anterior caso ocorra erro, é um caminho de sucesso no exercício ou simulado que você queira que o aluno realmente desempenhe.
E conforme ele cada vez consiga entender o que todas essas camadas fazem de alteração nele e vá ficando experiente na absorção das dificuldades, você pode colocar situações e exercícios desconhecidos para ele e adicionar o stress que ele já tem mais familiaridade.
Treine melhor para estar mais preparado!