Antes de mais nada, precisamos conceituar o termo “APH”. O que seria?
“Atendimento pré-hospitalar (APH) ou socorro pré-hospitalar é o atendimento emergencial em ambiente extra-hospitalar (fora do hospital).”
Feito isto, assim como o título do presente artigo diz, não há como dissociar a obrigação “ética” de quem manuseia, trabalha ou porta arma de fogo com uma mínima habilitação no atendimento pré-hospitalar de uma pessoa, ou até mesmo, si próprio.
Aqui quando dizemos moral “entre parênteses”, é porque há uma diferença entre moral e ética, onde a primeira representa os hábitos e costumes de uma sociedade, enquanto ética é um comportamento moral individual racionalizado.
Como o direito do cidadão ao exercício de sua legítima defesa e a posse/porte de arma estão deixando aos poucos de serem tabus, então, por enquanto, não há como falarmos de moral, de pensamento coletivo, mas é de bom tom e de suma importância, que cuidados APH sejam tratados como obrigações éticas, individualizadas, pelo menos neste primeiro momento.
Num parco exemplo, podemos comparar o manuseio de arma de fogo com a habilitação de um veículo automotor, onde o pretenso motorista, até obter a perícia necessária para sair às ruas, ainda tem a benesse de cometer pequenos erros, tais como subir um “meio fio”, arranhar o para-choque ao estacionar, encostar em outro carro ao balizar etc. Via de regra, até que o motorista se sinta confiante, seus passos serão curtos. Será aquele “cara” andando a 40 km/h na pista da esquerda e você chulo da vida, praguejando pra que ele mude para a direita.
No manuseio de arma de fogo, não temos esta “lenta curva de aprendizado” regadas a más experiências, porém, inofensivas. A parte prática, não admite erros.
Em tese, o primeiro contato do adquirente de uma arma de fogo, é em cursos ou escolas (poucos tiveram a experiência do serviço militar obrigatório). O aluno chega “cru”, ávido por absorver tudo o que será ministrado e depois “apertar” o gatilho.
A figura do instrutor, é e deve ser imponente. Ao se entrar no range ou estande, o mesmo se torna um Deus, seja lá qual for a religião do aluno (se for agnóstico ou ateu, passa a ter um) e todos devem dizer amém. As normas de segurança e conduta no estande, se tornam o evangelho do atirador/aluno, contudo, como há o elemento humano envolvido, todo este cuidado jamais será infalível. Aí que entra a importância da habilitação em APH, principalmente no que diz respeito ao instrutor de tiro e que por mim, deveria ser matéria obrigatória aprofundada no curso de IAT e objeto de prova no certame de credenciamento junto à Polícia Federal.
CONTUDO, não desonera os futuros atiradores (não instrutores) da mesma obrigação ética em um determinando momento.
A maioria dos clubes e estandes, se concentram em áreas não urbanas por questões técnicas. Estes em áreas urbanas, devem ser indoor e possuírem isolamento acústico, portanto, muito mais dispendiosa a construção.
Dito isto, algumas perguntas básicas:
O quão distante encontra-se seu clube ou estande, do pronto socorro mais perto?
Se você estiver se dirigindo ao Clube ou Estande, tentarem te abordar e na fuga, você foi alvejado de forma não grave, porém está perdendo muito sangue. Saberia o que fazer antes de desmaiar? E se fosse um amigo ou parente alvejado, saberia como proceder?
Qual o tempo médio de resposta dos órgãos competentes, para o caso de uma emergência?
Em caso de um incidente ou acidente de tiro, há um profissional habilitado no local a prestar o pré atendimento hospitalar antes da chegada do socorro?
Este profissional, possui os instrumentos básicos para cessar um sangramento intenso? Lidar com um pneumotórax?
Se você respondeu não a todas ou a maioria das perguntas, pode começar a se preocupar.
SENDO POSSÍVEL, jamais devemos transferir o que podemos fazer dentro de NOSSAS POSSIBILIDADES, a outrem.
A depender do ferimento e com o kit adequado, a própria pessoa pode fazer ou orientar seu próprio APH, dando tempo assim, para o socorro chegar ou ser deslocado.
As conjecturas não param por aí. Fora do ambiente clube/treino, há também os riscos inerentes ao nosso cotidiano, infelizmente. Não raras vezes, vemos motoristas serem abordados e para isso, como uma variação do protocolo de APH das forças de segurança, surgiram os cursos para o cidadão comum de APH tático ou de combate. Afinal de contas, na atual situação do Brasil, vivemos em guerra! Só não enxerga quem não quer e o Delegado da PF que indefere o porte do cidadão.
Por fim, se não há a expectativa de um curso desse tipo ser ministrado na sua cidade ou cercanias, pelo menos busque o básico. O próprio SEBRAE promove cursos básicos de primeiros socorros. Só não caiam na besteira de se “habilitarem” pelo youtube ou google! Por favor!
As técnicas aplicadas têm de ser vistas, compreendidas e assimiladas in loco! Você não irá aprender assistindo vídeo, onde se localiza a linha mamilar e o quinto espaço intercostal para inserir uma agulha de descompressão!
Durante a confecção deste artigo, desisti de mostrar os itens mais usados em APH, justamente para não dar ideia a leigos que compram tudo que veem pela frente, sem buscar treinamento adequado, o que realmente ter e quando usar.
Tais itens, técnicas e a correta aplicação, ficarão a cargo do seu instrutor em APH.
Enquanto isso, torço de cá, para que um dia deixe de ser uma obrigação “ética” e passe a ser “moral”.