Assunto que ganhou novamente destaque na mídia nos últimos dias tem sido a ocorrência de ataques em massa nos EUA, situações em que um psicopata buscando satisfação de seu egocentrismo doentio, visando vítimas indefesas e da pior forma possível tentar mostrar-se relevante/importante promovendo terror e dor, ataca covardemente o maior número de pessoas, com vinculação ou não ao fator originador dessa frustração em sua vida, descontando na população sua insignificância.
Ainda que ocorra com alguma frequência nos EUA, não se trata de fenômeno exclusivo estadunidense, mesmo havendo protocolo de enfrentamento e monitoramento dessas ações por lá.
Para se ter uma idéia, na última semana do ano letivo que vai de agosto a maio nos EUA, com férias de verão nos meses de junho e julho normalmente, se proíbem os alunos de levarem mochilas às escolas, para com isso se minimizar a possibilidade de entrada de produtos proibidos, dada a maior chance de incidência dessas ocorrências.
No Brasil houve ataques recentes em massa, um deles ocorrido em 2017 com emprego de fogo numa creche na cidade de Janaúba/MG, em que a heroína Professora Heley de Abreu Silva Batista morreu tentando salvar as crianças do criminoso que incendiou o local, não sem antes antecipar a familiares que iria se matar sem, contudo, avisar que ofenderia inocentes ao fazer isso.
O psicopata não precisou de arma de fogo para causar enorme dano e prejuízo a comunidade dada a sua monstruosidade, diziam que era obcecado por crianças.
Outro desses ataques ocorreu no Rio de Janeiro em 2011, em uma escola no Realengo, onde um ex-aluno invadiu o local atirando nos alunos, vindo a ser parado pelo então Sargento da PMRJ Márcio Alves, que estava numa blitz de trânsito nas proximidades e ao ser avisado por um aluno do fato, deslocou-se até a escola, enfrentou o criminoso atingindo-o, o que o levou a se matar em seguida, covarde que era o ex-aluno que ali voltou para se vingar.
O mais recente deles em 2019 em Suzano/SP teve dois psicopatas incels, termo criado para designar perdedores que se fecham em sua insignificância para justificar a sua própria fraqueza, e que se reúnem em fóruns para discutir sua pequenez de alma focando sua ira desmedida contra mulheres, que frustrados por sua inabilidade não sabem contatar, e autoridades, a quem objetificam suas incompetências, podendo serem elas professores ou mesmo os pais/avós que os criam.
Esses acéfalos invadiram a escola inspirados no massacre de Columbine nos EUA, conforme conversas na darkweb, e atacaram armados de revólver, machado, balestras e facas, as heroínas professora Jussara de Melo que conseguiu trancar a porta de sua sala e salvar seus alunos do ataque doentio enquanto ouvia “hoje vai morrer todo mundo” de um dos facínoras, e os estudantes J. que mesmo atingido por golpe de machado conseguiu correr com o instrumento cravado em seu ombro e R. que também heroicamente, essa praticante de artes marciais, se defendeu do ataque do agora desarmado agressor que perdeu o machado no golpe anterior.
Nesse episódio também herói foi o policial militar Eduardo Cardoso Andrade que paisano e em licença médica saiu de casa, já que morava próximo e, ouvindo os disparos, resolveu intervir e deu o primeiro atendimento e confrontou os agressores, salvando inúmeras vidas com sua ação.
Num recente ataque nos EUA um policial de patrulha da fronteira de nome Jacob Albardo, que estava num barbeiro próximo ao local em Uvalde, Texas, utilizando a arma desse comerciante a quem pediu emprestada, uma espingarda 12 gauge, correu para enfrentar e neutralizou o criminoso que atirava em uma escola após matar a sua avó e bater o veículo em que trafegava ao lado da escola invadida onde abriu fogo contra professores e alunos.
Esses casos foram selecionados para mostrar primeiro que o que frustra um homem mau, armado, nesses casos moleques psicopatas e frustrados, é um homem bom armado.
Curioso que todos esses casos levam imediatamente aos órgãos de imprensa e setores da propaganda desarmamentista a culpar a arma, alguma espécie de armamento, e a capacidade dos carregadores disponíveis, como causa do ataque.
Normalmente se culpa por lá as armas na plataforma AR e a busca por seu banimento é matéria de calorosas discussões.
Estudadas 129 ocorrências dessas entre 1982-2022, foi constatado que 146 armas de mão diferentes (pistolas e revólveres) foram usados em 98 incidentes, o que leva a conclusão que em 76% dos casos de ataques em massa os terroristas usavam armas curtas e 146 diferentes armas, do que nem isso eles dão conta de acertar na sua cruzada para demonizar o armamento, conforme recente levantamento da Estatista Research Department de 02 de junho de 2022.
Lembrando, o que nunca é demais fazer, que já se utilizou até caminhão para promover esses ataques, do que facas, espadas, arco e flechas, combustível são outros instrumentos utilizados pelos criminosos, cuja intenção de causar danos não encontra barreiras nem na humanidade e empatia pelos inocentes, que se o diga em restrições legais.
Mindset sem meios de melhor execução?
Ainda que eu tenha destacado atos heróicos de cidadãos e cidadãs de coragem e mindset de combate que permitiram em suas ações sacrificar ou até mesmo evitar a perda de sua própria vida, mas com certeza salvaram inúmeras outras vítimas, temos que suas ações impediram maiores agressões, mas não cessaram o ataque.
Fiz questão de pesquisar e destacar seus nomes e sequer fiz referência aos nomes dos terroristas domésticos, pois, me filio a posição de alguns pesquisadores do tema de que tais atos se dão além da psicopatia e terrorismo dos agressores, pelo egocentrismo e interesse em fama posterior ao ataque.
Nesse sentido destaco que órgãos de imprensa massivamente divulgam nomes, histórias e quase odes à vida patética e atos covardes desses criminosos.
De se registrar que no caso recente brasileiro reportagem de um ano do ataque apontou que “Um ano após o ataque que matou dez pessoas na Escola Estadual Raul Brasil, em Suzano, na Grande São Paulo, o túmulo de um dos jovens responsáveis pelo massacre volta e meia recebe admiradores que até velas acendem em sua homenagem.”
Mensagens são monitoradas de jovens descompensados que veneram os envolvidos aqui, tal qual ocorre por lá.
Tal fama move esses idiotas a repetirem esses atos, serem idolatrados por outros idiotas que se inspiram nesses criminosos e buscam repetir seus atos, recentemente até transmitidos online.
O psicopata recente de Buffalo que atuou em um mercado dias antes do ataque no Texas somente parou de atirar quando foi confrontado por um policial aposentado, Aaron Salter, que trabalhava de segurança de mercado e que deu sua vida para disparar contra o criminoso entrincheirado e com proteção balística, que após perceber que havia sido atingido e que morreria se entregou e está preso respondendo pelos homicídios e pelo terrorismo doméstico que praticou.
Aos 18 anos o transtornado terrorista escreveu um manifesto de 180 páginas, com perguntas e respostas como se estivesse em uma coletiva de imprensa, já antecipando a sua versão para os fatos e sua psicopatia na doentia explicação para o ataque.
Mais um exemplo de que uma pessoa de bem armada pode fazer muita diferença numa situação como essa, e que essa situação, menos que problema americano é realidade que pode nos atingir a todos, em especial num momento de tamanha alteração social e de paradigmas que só fazem trazer alienação e transtornos ainda maiores a pessoas já fracas e perdidas.
Tudo isso para dizer: infelizmente essa realidade não está distante de nós e não tem previsão de encerrar tão logo – vivemos em uma sociedade cada vez mais doente, onde parece que a idolatria a essas imbecilidades é celebrada e a bandidolatria impera.
O QUE DIZ A LEGISLAÇÃO
A legítima defesa de terceiros está prevista no artigo 25 do Código Penal:
Art. 25. Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem.
Assim, como analisamos melhor na obra LDA – Legítima Defesa Armada que será lançada em Agosto na ShotFair, temos que está legitimado o cidadão a agir na defesa de direito próprio ou de outrem (terceiros).
A causa excludente de antijuridicidade da Legítima Defesa é facultativa, pode o cidadão optar por não agir porque analisou melhor a situação e optou por se acomodar, porque entendeu que não haveria condição de êxito, porque viu que poderia causar mais prejuízos do que benefícios, tudo até mesmo a não intenção de enfrentar para se auto preservar pesa na decisão de como se defender, e por vezes evitar o confronto pode ser a melhor defesa.
No artigo 23 que estabelece quando não há crime e prevê outras causas excludentes da ilicitude está também elencado o estado de necessidade, exercício regular de um direito e o estrito cumprimento de dever legal:
Art. 23 – Não há crime quando o agente pratica o fato
I – em estado de necessidade;
II – em legítima defesa;
III – em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito;
Os agentes de segurança, quando não estão reagindo a um assalto ou ataque pessoal, quando agem em situação de perigo como estas a excludente tecnicamente se enquadra na excludente do estrito cumprimento de dever, adicionado a isso a previsão do artigo 301 do Código de Processo Penal que diz:
Art. 301. Qualquer do povo poderá e as autoridades policiais e seus agentes deverão prender quem quer que seja encontrado em flagrante delito.
No mais das vezes são agentes de segurança que atendem primeiramente essas ocorrências lá e com maior razão aqui, já que há enorme restrição ao acesso civil às armas de fogo e enfrentar um criminoso em flagrante atacando inocentes requer meios hábeis de enfrentamento.
A eles não é dada opção, eles tem o dever de agir como garantes da segurança pública que são, e por isso podem até responder por crime omissivo comissivo em caso de inação. Por não outra razão possuem a prerrogativa do porte funcional e devem estar com armas e algemas 24h por dia.
Se a regra acima foram os membros das forças de segurança atuando, essa não é a única condição de ação.
Situações há em que pode agir o cidadão comum, desde que preparado e em condições de enfrentar o perigo.
Em 30 de maio de 2022, em Charlston, W. VA, uma mulher com porte legal de arma barrou o ataque de um criminoso armado que, por ter sido advertido momentos antes por estar trafegando em alta velocidade na proximidade de uma festa de formatura num condomínio de apartamentos, retornou armado de um fuzil e poderia ter matado várias pessoas, quando foi por ela morto já iniciada a agressão aos inocentes.
Ao invés de correr do perigo como fazem normalmente as pessoas comuns, essa cidadã armada e preparada enfrentou o risco e salvou inúmeras vidas.
Tal qual são treinados os membros das forças de seguranças, algumas pessoas tem condição de, contra seus instintos de sobrevivência e fuga, correr ao encontro do mal e guerreá-lo.
Outras acreditam que o farão caso necessário e a maioria desses incautos gosta de falar muito que o faria, mesmo sem nunca ter avaliado as condições e consequências de seus devaneios.
Esses últimos fazem parte de um grupo de bravateiros normalmente referidos como “canceladores de CPF”, gente que acha que é bonito falar que faria, viraria, aconteceria, muitos sem sequer medir as consequências de suas palavras, que se o diga terem condições de passar do discurso à ação.
Massad Ayoob assim sintetiza a situação: “você pode passar a vida toda tendo uma arma no cinto e nunca precisar usar, e pode acontecer uma situação em que você não esteja diretamente envolvido e que pode, comodamente, evitar sem se meter, apenas seguindo em sentido contrário. Porém se as vítimas sendo atacadas forem minha esposa e filhos, eu quero que você tenha condições, treinamento e discernimento para atuar. Quero também que você aja sabendo que os que podem ser atingidos são minha esposa e filhos. Assim haja como se fossem os seus. Grandes poderes vem sempre com grandes responsabilidades”.
Isso completa bem a preocupação que deve haver em buscar se envolver numa questão em que terceiros estão em risco: há sempre grande responsabilidade na ação.
Elencamos os princípios do porte de arma no nosso livro Papa Alpha como sendo MCTJ: o Mindset, Conhecimento, Treinamento e Julgamento, sendo esse último o julgamento o que diferencia essencialmente o cidadão de bem do criminoso: saber que há consequências, avalia-las e se guiar em razão desse raciocínio é o que a empatia do homem bom o faz distinto do lobo.
Posso complicar mais a situação do que ajudar?
Há quem sustente que o terceiro pode complicar muito mais que ajudar.
A verdade é que complicada já está a situação de ataque, porém é fato que a confusão entre um terceiro paisano armado agindo na cena e os criminosos pode acontecer, inclusive confundindo a ação policial e o potencial fogo amigo pode ocorrer numa situação dessas.
Não é incomum que membros das forças de segurança paisanos venham a ser atingidos em casos como esses – sem identificação e sem comunicação com as forças policiais acabam sendo confundidos em um cenário de atirador ativo e vem a ser alvejados na ação.
O mesmo se o diga quanto a terceiro que venha e encontrar com membro da força de segurança já atendendo a ocorrência, do que cautela e muita muita e muita reflexão deve ser adotada.
Todo segundo importa MAS toda ação tem consequência em especial para o cidadão comum que se disponha a ajudar terceiros.
O amigo chegou até aqui acreditando que teria uma fórmula ou regra para a situação?
Até os protocolos de caracterização de atirador ativo tem variação a depender da força estudada ou do país de emprego, que se o diga a definição de atirador ativo que varia de escola para escola de doutrina policial, quanto mais a decisão de agir sozinho na defesa desses terceiros.
Interessante levantamento realizado quanto a situações em que uma pessoa armada agiu em detrimento as ocorrências em que se chamou a polícia e se aguardou atendimento demonstram que mais de 10x mais mortes ocorreram quando se aguardou o socorro policial, indicando que na prática uma pessoa armada agindo diminui as causalidades em mais de 10x.
Bastaria uma morte a menos para eu dizer que é melhor alguém armado agir agora 10x menos mortes é incontestável.
Sim pode complicar muito um terceiro armado numa situação dessas.
E agindo a chance de redução de vítimas é exponencialmente menor então PREPARE-SE, TREINE, IDENTIFIQUE-SE, HAJA COMO SE MEUS PARENTES E ENTES QUERIDOS ESTIVESSEM ALI, e melhor ainda, atue como se os seus precisassem desse socorro, pois são parentes de alguém que assim também desejam.
Tenho me dedicado a escrever sobre legislação, comportamento, porte de arma e legítima defesa nos últimos artigos.
Escrevi o Papa Alpha e estou para lançar o LDA justamente buscando trazer reflexões e preparar o amigo leitor para a brutal realidade que o buscar a auto defesa armada demanda: somente com muito estudo, preparo e treinamento poderemos estar minimamente preparados para atuar quando a situação determinar.
E quando acontecer, que você não tenha que nos últimos suspiros de sua existência dizer: estava ali, tive condições e optei por não me envolver, porque pior do que viver com as consequências de sua ação é ter que morrer com o peso na consciência de sua omissão. Fique vivo, estude muito, treine exaustiva, incansável e invariavelmente, esteja preparado e que o Deus das Guerras permita que você termine os seus dias dizendo, estive pronto, me preparei, graças a ti não precisei.