Por que ainda somos um povo tão dependente?
Em 2014 quando retornei ao Brasil, o país estava passando por uma grande crise moral, política e econômica. O progressismo sepultando todo e qualquer tipo de pensamento conservador, como os valores da família, da fé , das liberdades individuais. O que eu acabara de encontrar era um povo submisso, sem forças e esperanças. Meu questionamento era: e ninguém vai fazer nada?
Quando falamos de escravidão logo relacionamos à escravidão africana. Porém, penso que ainda vivemos sob um regime extremamente escravista, pois constantemente somos submetidos à vontade dos nossos governantes. Conflitos sociais, segregação da sociedade, momentos críticos como a pandemia pela qual estamos passando têm se configurado em uma ótima oportunidade para que a classe governante possa fazer o que quiser com a Nação.
Presos sendo soltos por conta da pandemia e civis sendo presos por querer trabalhar ou caminhar na praia. Se você ainda se sente tentado a acreditar na necessidade de um Estado para decidir o teu futuro, ou o que é melhor para você e a sua familía , então você se encaixa no perfil do qual estou falando. Um escravo é o indivíduo que aceita se sujeitar à vontade alheia seja pela ameaça de lhe ser causado algum tipo de dano maior, ou pela simples ideia de reprovação coletiva. Ou seja, para além da ideia de trabalho forçado, escravidão se define por uma enorme quantidade de condutas de submissão, a maioria delas sutís e veladas.
Nesse sentido, em se tratando do Brasil, quando finalmente tudo indicava uma melhora no nosso quadro político e cultural, a pandemia trouxe à tona todos aqueles males já citados acima, mas agora , com mais força.
Àqueles que lutaram contra a candidatura do atual presidente alegando temer uma ditadura, tenho de dizer que vocês estavam certos. A ditadura se instalou, há que se admitir, mas ela não foi plantada pelo atual governo e, sim, por aqueles que, como sanguessugas, se nutriram da onda Bolsonaro e na primeira oportunidade se mostraram bons traidores. Como já dizia George Orwell, “A linguagem política, destina-se a fazer com que a mentira soe como verdade e o crime se torne respeitável, bem como a imprimir ao vento uma aparência de solidez”. Todavia, não se trata aqui de tecer um simples lamento, quero apenas compartilhar minha percepção do quão facilmente as pessoas se acostumam a tudo, principalmente quando não conhecem outros cenários.
George Orwell ORWELL, G. “Politics and the English Language”. A Collection of Essays Nova York, Doubleday, 1954.