O que é o Princípio de Pareto?
Também chamado de regra do 80/20 ou lei dos poucos vitais, o princípio foi sugerido por Joseph Moses, que deu o nome em homenagem ao economista Vilfredo Pareto, que, no século 19, observou em seu jardim que 80% das ervilhas eram produzidas por apenas 20% das vagens. Ele observou a distribuição de terras na Itália e verificou a mesma proporção, onde 80% das terras pertenciam a apenas 20% das famílias. Esse princípio então passou a ser aplicado em diversas áreas do conhecimento. O princípio de Pareto, em síntese, afirma de 80% das consequências são efetivadas por 20% das causas.
E onde entra o treinamento tático nisso?
Trazendo para a questão tática, tal princípio deve ser considerado com seriedade em nossos treinamentos, uma vez que em breve análise, percebemos que 80% dos problemas de desempenho tático são causados por 20% dos erros, bem como 20% das técnicas são utilizadas em 80% das situações. Se juntarmos o princípio de Pareto com a lei da simplicidade tática de Hick, veremos que é mais valioso treinar poucas técnicas e as mais utilizadas na realidade do operador, ou treinar um procedimento que resulta em uma solução mais abrangente.
Caso clássico seria a solução de panes em armas curtas, onde percebemos que a conduta tática de bater no carregador e ciclar a arma soluciona 80% das panes de tiro, fazendo com que seja estatisticamente favorável que o operador tenha essa conduta como ato reflexo sempre que a arma não disparar. Outro exemplo prático seria o treino de fundamentos de tiro, onde é possível observar que apenas dois ou três erros (antecipação do recuo, esmagamento incorreto do gatilho e pouca força na mão de suporte) atingem cerca de 80% dos atiradores, sendo muito mais produtivo dedicar mais tempo a esses fundamentos do que aos outros, que possuem pouca interferência estatística na qualidade dos disparos.
Princípio de Pareto em treinamento simulado
Outra situação muito comum em programas de treinamento policial são as simulações de situações extremamente atípicas da rotina do operador, como enfrentar dezenas de assaltantes de banco armados de fuzil. Não estou afirmando que tais situações não ocorram (ocorrem em muitos locais, principalmente quando tratamos da realidade Brasileira) e nem que não devemos inserir esse tipo de cenário nos treinamentos. O que quero chamar atenção aqui, e que guarda total relação com o Princípio de Pareto, é que muitas vezes deixamos de dar atenção para as habilidades que serão utilizadas em todos os serviços para investir toda a estrutura de capacitação em situações que o operador irá encontrar em 1% das ocorrências.
Conclusão
É fundamental compreender quais habilidades geram mais resultados na atuação profissional e quais falhas são mais recorrentes, para que o esforço de qualificação seja mais eficiente, principalmente na distribuição de carga horária e elaboração de ementas dos componentes curriculares.