A primeira arma de fogo que vi era do meu pai; um revólver Taurus .32 S&W. A segunda arma foi de um tio policial; um Rossi .38 SPL. A terceira foi no Exército Brasileiro; uma pistola Imbel M973 9mm Luger.
Natural que, temendo a violência, percebesse a necessidade e a importância da autodefesa. Natural também que, me tornando policial (hoje com 25 anos de serviço) e entendendo os mecanismos dos criminosos e a infelicidade das vítimas, desejasse que o cidadão tivesse um nível de proteção, embora a prevenção seja a melhor alternativa. Contudo, a prevenção e o estado de alerta podem falhar, sendo imperioso outro meio de impedir o mal.
Como atirador esportivo, compreendo as pessoas que colecionam armas e munições, em razão da engenharia empregada nesses equipamentos e da história que carregam, e do prazer físico, mental e emocional do esporte. Diga de passagem, que o esporte do tiro abrange uma variedade enorme de modalidades em todo o mundo, inclusive dentro do universo olímpico.
Mas se eu fosse um policial desarmamentista, que tipo de mensagem alguém poderia me enviar para trazer um mínimo de luz e sabedoria?
Pensando nisso, escrevi pra mim mesmo neste mundo paralelo.
“Ora se não é um paradoxo: um policial que usa uma arma de fogo para se defender, proteger a família e o lar, negando ao cidadão a mesma condição.
Você pode afirmar que isso se dá por prerrogativa da função. Mas sendo sua função proteger e servir, você deveria estar em todos os lugares o tempo todo e sem folga.
Deveria estar em cada esquina, rua, calçada, comércio, parque, praça, escola, hospital, fazenda, estrada… no interior e na cidade.
Deveria estar acordado enquanto eu durmo; vigilante enquanto trabalho; de pé enquanto descanso; atento enquanto me divirto; deixando o seu lar pra proteger a minha família.
Porém, você não conseguiria fazer isso, mesmo se quisesse de todo o coração.
Então, não importa a sua ideologia porque na hora da verdade, você não pode estar lá por mim.
Sei que você dirá que o número expressivo de atiradores esportivos e cidadãos com armas representa um risco para a segurança pública. Mas um número reduzido nunca tornou nosso país seguro!
Assim, justificar um ideal com base em casos isolados de mau uso de uma arma ou com estudos feitos apenas para reforçar sua própria crença não é justo. Seguindo essa ideia, eu poderia julgar você e todos os seus colegas com base na má conduta de alguns. Seria como cortar, pela raiz, todas as macieiras por causa de uma maçã podre.
Você pode dizer que não sou isento. Eu discordo! O que quero é o direito de escolher por conta própria. E não que alguém armado me diga que armas matam, aumentam a violência e alimentam o crime.
Portanto, para que você possa me dizer isso, primeiro precisa entregar a sua arma e abrir mão das suas prerrogativas!”