1. Considerações Iniciais
Os cursos de tiro estão proliferados no âmbito da sociedade. Existem cursos das mais diversas espécies e com várias denominações, alguns de alta qualidade e outros de qualidade questionável.
Não é objetivo, aqui, detalhar sobre o que é cabível ou não ao público final, no que diz respeito a cursos de tiro ou autodefesa, mas sim abordar sobre a necessidade para que o aluno sempre busque um curso voltado para a sua necessidade específica e, mesmo parecendo óbvio, que este treinamento esteja inserido ou mesmo seja ou faça parte de um método que obrigatoriamente pertencerá a uma Doutrina.
Caso contrário, será apenas um compilado de exibições do instrutor ou mesmo um conjunto de elementos “jogados ao vento” sem qualquer efeito concreto ao objetivo final, que deveria ser a preparação com segurança para que o aluno desenvolva técnicas funcionais e eficientes com as suas armas de fogo.
2. O caminho a seguir (Método)
O método pode ser concebido como um conjunto de etapas que regulará uma sequência de operações a executar, com vista a atingir certo resultado, de maneira orientada e dentro de uma estratégia.
Mesmo sem nos determos aos conceitos literais da metodologia, percebe-se que para se ensinar algo é preciso que primeiramente o professor saiba aonde quer chegar e que possua as ferramentas e as técnicas necessárias para concluir todas as etapas de aprendizagem até o fim.
Ocorre que nas instruções de tiro e autodefesa nem sempre o aluno sabe o que realmente estará indo realizar na prática. Por exemplo: o que seria Tiro de Combate com Pistola? ou Tiro de Avançado de Pistola? ou Curso de Pistola Tática Nível I? etc.
Ou seja: O treinamento Y é ideal para o aluno X? O aluno X tem o mesmo treinamento do aluno Z para fazerem os procedimentos juntos? O objetivo do aluno X é o mesmo do aluno Z para que façam o mesmo curso? etc
Claro que treinamento nunca é demais e o próprio manuseio das armas em um curso, independente do propósito do mesmo, já causará uma evolução tática no aluno. Entretanto, nem todas as pessoas estão prontas para receber o mesmo treinamento no mesmo momento e dentro da mesma doutrina. Isso é fato.
Ocorre que às vezes a concepção doutrinária não é colocada de forma clara para o aluno, no entanto nunca deve ser lhe negado essa compreensão, sob o perigo do mesmo levar várias “cicatrizes ” do treinamento para a sua vida real, podendo vir a comprometer a sua segurança, a de terceiros ou mesmo a sua liberdade.
3. O que vou aprender na prática?
Para melhor elucidação dos fatos vamos a um exemplo simples e prático.
Imaginem um aluno que é Policial e busca um Curso com a denominação, por exemplo, “Intermediário de Táticas de Pistola”. “João”, cidadão brasileiro, também quer fazer o mesmo curso.
Ocorre que o aluno Policial, que também é um cidadão, poderá estar buscando tanto um treinamento de autodefesa ou mesmo um curso com técnicas mais voltadas a seu emprego institucional. Por outro lado, o cidadão João poderá estar com expectativa de melhorar a sua performance na autodefesa, ou mesmo experimentar técnicas mais próximas as atividades policiais.
A partir do exemplo acima elencado já fica bastante claro a importância da qualificação do curso dentro de um viés doutrinário bastante objetivo, pois, sinceramente, o que o Policial e o João querem?
Para responder essa resposta, somente se os mesmos existissem no mundo real e nos explicassem. No entanto, existem no mundo concreto vários “João” e vários policias buscando uma real solução aos seus problemas relativos ao seus treinamentos.
Vejamos uma comparação entre a doutrina de treinamento policial e a doutrina de autodefesa/autoproteção, para, após isso, concluirmos nosso raciocínio por completo.
Registra-se, com esses exemplos, um clara diferença entre o que deverá ser um treinamento voltado para a atividade policial e para as atividades de autodefesa, pois vários procedimentos devem ser incorporados ao treinamento de acordo aos seus fins buscados.
Seguindo analisando as possíveis diferenças doutrinárias, percebe-se que o estado de alerta deve ser, por exemplo, trabalhado na busca de um condicionamento eficaz, principalmente para aqueles que não costumam o ativar com mais frequência. Assim como também podemos observar a diferença no tipo de engajamento das ameaças ou mesmo nas ações de respostas.
Conclusão
Ante o exposto, verifica-se que o sucesso do emprego da arma de fogo, por parte de quem quer que seja, estará diretamente ligado ao método doutrinário que se busca executar. Ocorre que nem sempre isso é claramente delimitado nos treinamentos, onde diversos procedimentos são cobrados sem a contextualização para quais resultados se almejam.
Disparar uma arma em um treinamento básico é uma coisa, porém desenvolver habilidades específicas vai muito além de apertar o gatilho. Trata-se de conectar o corpo e a mente para se atingir o objetivo final. Pois se não sabemos para aonde queremos ir poderemos chegar a qualquer lugar. Então somente estabelecendo objetivos específicos chegaremos a contento no nosso objetivo final.
Como, no contexto, o objetivo final é a sua sobrevivência, saiba sempre o que estará fazendo, com quem está fazendo e, por fim, faça o que tem se ser feito sem poupar o seu suor, pois assim poupará o seu sangue.