Introdução
Como uma faca em um confronto armado pode ser útil? Por quê carregar uma lâmina tática na cintura se eu tenho minha pistola, um carregador sobressalente, lanterna e um torniquete? Por quê devo me preocupar aonde que eu carrego minha lamina fixa/canivete… Essas e outras perguntas as vezes resmungadas em mesas de debates e rodas extrovertidas de operadores, policiais, Cacs…e por ai vai.
Autoproteção está cada vez mais avançada, graças a globalização, a facilidade de informações e a tecnologia moderna. Muitas coisas mudaram outras ainda persistem se tratando de sobrevivência policial, violência, crimes, confrontos armados e físicos, entre outros.
Um relatório da polícia americana demonstra que no ano de 1993 -2012, 1171 policiais foram mortos intencionalmente, desses, 89 foram mortos com sua própria arma. Vale lembrar que o roubo ou tomada da arma pelo bandido não é um fator para a morte policial. O autor do livro Sobrevivência Policial, Humberto Wendling destaca que “A condicionante nesses casos pode ser a luta, a disputa física pela arma”.
Esses tipos de agressões contra policiais ainda continuam até hoje e são mais comum que se imagina.
Segundo o Policial Miliar, Felipe de Palma, estudioso e analista de violência, treinamento e psicologia do combate na área da Segurança Publica, dados de 2019 mostra que houve 89 casos de tentativa ou efetiva tomada do armamento e 7 casos de morte e 15 policiais feridos. Dados oficiais do FBI (LEOKA) em 2018, mostra que houve 55 policiais assassinados criminalmente, desses 4 foram mortos por sua própria arma.
Lembrando que há cifras negras nesses dados que podem demostrar um cenário bem pior.
Arma de fogo e seu poder ilusório
Pergunta trivial: Qual é a porcentagem de ligações gerando ocorrência para as quais um policial atende quando alguém está com uma arma no local?
Resposta: 100 por cento.
Se um policial estiver presente, há uma arma no local. E isso já torna o ambiente uma possível arena de luta pela arma a qualquer momento. Quem controla a arma, controla o ambiente.
Veja o quanto é importante um treinamento sobre retenção e combatividades, visando a capacitação do indivíduo que carrega uma arma de fogo. O desenvolvimento de proficiência em habilidades manipulativas, como táticas defensivas lâmina e armas de fogo, requer instrução adequada e repetição suficiente.
A arma de fogo nunca foi sinônimo de poder, basta que sua ameaça desarmada tenha disposição e coragem para lhe enfrentar você pode ter problemas. Uma ameaça desarmada as vezes é mais perigosa que uma armada.
Autoproteção
Mas antes de entrar no assunto específico, falamos sobre Autoproteção, vou definir rapidamente o que é Autoproteção, pois é um assunto abrangente e ficará para outro artigo.
A Autoproteção podemos resumir em táticas e técnicas (mais táticas do que técnicas), que irão auxiliar o indivíduo a maximizar suas ações reflexivas na tomada de decisões rápidas em momentos cruciais em um pré contato. Aqui há um aumento relevante na premonição de embates físicos e armados, fornecendo vantagem tática contra a ameaça.
Retenção, Faca e Treinamento
“A atividade policial no Brasil tem contornos altamente complexos. Além dos riscos inerentes à profissão, policiais lidam, diariamente, com a falta de valorização do elemento humano, carência de meios e treinamento, anacronia do modelo policial, falta e má gestão de recursos, desconfiança por parte de setores da sociedade e ausência de respaldo jurídico para realização de seu ofício. Isto gera reflexos na forma como se combate o crime, havendo uma onda inaceitável de ataques a profissionais de segurança pública, em virtude dos problemas do sistema policial e de persecução penal.”
Felipe de Palma
Quando criei o curso de Retenção e Táticas com Lâmina, foi exatamente com o intuito de oferecer ao policial a virtude de vencer um confronto complexo “a luta por sua arma”. Como posso aumentar a sobrevida desse policial sem extravasar na força, sem ilegalidades, seguindo o que rege não só os protocolos e procedimentos policiais como também legais?
Quebrando Paradigmas
Realmente a uma mística sobre duelos com faca, defesa pessoal com faca,…etc. Vi poucos relatos verídicos de pessoas (civis) que estavam portando uma faca, e usaram para salvar suas vidas ou de outras. Isso porque não estamos habituados a esse comportamento. Olhei inúmeros relatórios documentados, depoimentos de soldados/Policiais que utilizaram a faca como a primeira linha de defesa, sendo sua arma secundária e até mesmo primária (desarmado,sem munição…).
Esses inúmeros casos, como a do Sd Herbert K, que após seu pelotão enfrentar uma onda de soldados norte coreanos na Segunda Guerra Mundial, na conquista de um ponto estratégico, Hert munido com seu fuzil Browning M1918, matou diversos inimigos, e quando acabou sua munição, ele sacou sua lâmina e continuou no combate corpo a corpo, foi baleado, mas continuo lutando até que um golpe de baioneta terminou com sua bravura e destreza.
Meia hora após sua última posição, os americanos retomaram a cordilheira e descobriram que Hert havia matado corajosamente – e sozinho – 40 soldados combatentes inimigos. Ele foi premiado postumamente com a Medalha de Honra, que o tornou o primeiro havaiano a receber o prêmio.
Ter uma ferramenta que possa ajudar um soldado/civil/polícial/vigilante quando as circunstâncias se aproximam é pessoal e essencial, como destacado pela posição final heróica de de Hert.
Ao longo da história, guerreiros(as) confiaram em facas quando outras armas e recursos falharam. Mas nem todas as facas são criadas iguais. Desde a Primeira Guerra Mundial até a Guerra Global ao Terror, um punhado de lâminas militares e táticas provou ser confiável e amada por aqueles cujas vidas dependem delas. E isso está cada dia se tornando mais comum.
As mudanças necessárias
Estamos entrando em uma nova era, as lutas estão cada vez mais perigosas, o combate mudou, os inimigos também. Hoje você vê muita gente andar com um canivete no bolso, mas ele não sabe como sacar em diversas situações, o que fazer em uma situação de Grappling sobre sua arma, ele desconhece tática sobre faca e arma, ele é indeciso quanto ao uso adequado dessa ferramenta, como carregar uma faca…
A idéia aqui não é inventar a roda, mas trazer uma dinâmica diferente e didática no uso da lâmina como uma arma literalmente no uso técnicas e táticas realista e voltadas ao contexto da violência contemporânea, de maneira empírica e pragmática, com resultados positivos. Sem sofisticação na quebra de paradigmas folclóricos sobre um tema cheio de achismos e pensamentos equivocados.
Resumo
A unificação de Retenção e Lâmina cria dois fatores indiscutíveis: Saber defender sua arma e ampliar essa defesa com a faca. Depender exclusivamente da arma de fogo para se defender ou sobreviver causa fragilidade e vulnerabilidade ao Policial, se conseguimos flexibilizar essa defesa, nos tornamos mais difíceis de sermos derrotados. E a lâmina é a ferramenta ideal para essa tarefa. Sendo assim, treine, pratique, cria novas habilidades, se torne mais rápido, mais ágil, mais forte, mais letal. Não me interessa que tipo de lutador você é, contanto que continue lutando.
Obrigado e até a próxima!!!
Referencias Bibliográficas:
https://ucr.fbi.gov/leoka/2018
Livro Sobrevivência Policial, de Humberto Wendling
Dia de treinamento: técnicas de retenção de armas, por Lindsey J. Bertomen