Sem dúvida, um dos maiores benefícios de ser policial é portar uma arma de fogo. A vantagem num conflito de vida ou morte sempre pende para aquele que tem uma arma nas mãos e disposição para usá-la na hora certa. Ser responsável pela própria segurança e capaz de se defender com o único instrumento que iguala todos os homens é algo que nenhum policial quer renunciar.
É estranho e ao mesmo tempo paradoxal um policial rejeitar a ideia de depender exclusivamente da polícia para se prevenir e se defender dos criminosos. Todavia isso é compreensível, já que todo policial experiente sabe que as instituições policiais e o Estado são parte da solução, mas também parte do problema. Mas felizmente quem faz a polícia são os verdadeiros policiais. Essa é outra vantagem de trabalhar na polícia: contar com o auxílio de uma centena de amigos policiais; todos armados, é claro!
Criminosos sempre portam armas. Todos eles! Então é de se imaginar que policiais também portem as suas. Por essa razão, existem coldres para várias ocasiões. Quer dizer, o coldre muda, mas a arma está sempre com o policial.
Entretanto, e apesar dos benefícios, o porte de uma arma trás algumas preocupações, bem como mudanças no estilo de vida e no guarda-roupa. A primeira dessas preocupações é não parecer estar armado, princípio fundamental do porte dissimulado (encoberto, velado). Talvez por não saber o que fazer para seguir esse princípio, o policial cometa erros imperdoáveis, tais como: deixar a arma dentro do carro, na mochila, na pochete ou na bolsa da esposa, etc.
Só para lembrar, se a arma não está EM você (colada no seu corpo), então você não está armado, apesar de ter uma arma de fogo. E isso é de extrema importância no momento da necessidade, ou seja, no instante em que alguém se aproxima e diz: “É um assalto!”
Em 20 de julho de 2013
Após uma partida de futebol, um policial entrou no carro e foi rendido por dois ou três criminosos. Enquanto era levado para um bairro distante, o policial teve a convicção que morreria se não reagisse. A reação seria perfeitamente possível se não fosse por um detalhe: a arma estava debaixo do banco do veículo. Num golpe de sorte, a vítima conseguiu alcançar a arma e atirar contra o bando. Houve troca de tiros, mas ninguém acertou ninguém; fato típico quando o desespero está presente. Eu disse SORTE já que não é possível falar em perícia, pois não existe técnica que ensine saque de arma escondida debaixo do banco do carro (veículos não foram feitos para guardar armas de fogo).
A dinâmica desse evento tem um fator didático, e é isso que será explorado nesse artigo.
Como portar sua arma nas situações mais improváveis?
A roupa padrão do policial à paisana é a calça comprida e a camisa para o lado de fora. Criminosos profissionais também utilizam esse “uniforme”. O traje do bandido pé-de-chinelo é o bermudão e a camiseta para o lado de fora.
Obviamente, não é possível portar uma arma de fogo usando uma bermuda e uma camiseta, certo? Errado, é possível sim (apesar da dificuldade no saque).
O Smart Carry Holster
Para o porte tão dissimulado existe um coldre denominado SMART CARRY HOLSTER, uma espécie de sacola amarrada em volta da cintura que mantém a arma sobre o órgão genital e encoberta pela calça. Entretanto esse não é um coldre para se usar com calças com botões e zíperes, mas para se usar com bermudas e shorts com elástico.
Via de regra, calças são utilizadas com cintos e não possuem cinturas elásticas. Dessa forma, é extremamente difícil e lento sacar uma arma guardada em local tão inacessível de modo imediato. Já as bermudas, moletons e shorts não necessitam de cintos, o que permite que o policial comprima o abdômen ou, simplesmente, estique o elástico do vestuário para ter acesso ao armamento. Esse é um tipo de coldre ideal para armas de pequeno tamanho, como revólveres 5 tiros e pistolas subcompactas.
O Belly Band Holster
Outro modelo de coldre designado para condições fora do normal é o BELLY BAND HOLSTER (foto acima). Na verdade, esse coldre é uma faixa elástica que pode comportar uma variedade de tipos e modelos de armas, carteiras, carregadores, lanternas pequenas, chaveiros, torniquetes, etc. É ideal para a prática de esportes como o ciclismo, a corrida e a caminhada. Por tratar-se de uma cinta unida nas extremidades por velcros, esse coldre permite que a arma seja mantida na posição mais adequada à modalidade esportiva que o policial está praticando. Por exemplo, a faixa pode ser girada para que a arma fique sobre o abdômen quando o policial estiver praticando o ciclismo. Nesse esporte, o policial fica curvado para frente, e se a arma estivesse na lateral do seu corpo, surgiria um ressalto sob a camiseta.
O Belly Band Holster também é muito útil quando se carrega uma mochila nas costas, considerando que as alças da mochila impedem o acesso e o saque de uma arma coldreada na lateral do corpo (mas você pode usar a arma num coldre frontal). Outra vantagem desse coldre é que ele pode ser usado com qualquer tipo de roupa (calças com ou sem cinto, bermudas, bermudões, shorts). Lembre-se que a presilha deve envolver ou passar sobre o ferrolho (cobrindo o cão), e nunca sobre a armação (punho/beavertail/cabo) da sua arma. Caso contrário, ao empunhar a arma, sua mão ficará sobre a presilha do coldre, impedindo o saque rápido.
Com cintos de ajuste milimétrico
Uma terceira opção é utilizar o cinto CQB Rigger’s ou um BDU (Battle Dress Uniform). Como não necessitam de passadores para se fixarem ao vestuário, esses cintos são excelentes opções para o porte de arma com roupas esportivas e coldres de plástico injetado ou termoplástico (Kydex). Certamente, você não pode portar sua arma enquanto joga bola ou peteca. Contudo existem opções para o porte de arma mesmo com roupas esportivas. Sabendo que isso é plenamente possível, espera-se que você porte sua arma e se defenda em qualquer ocasião.