Considerações Iniciais
Às 23h50 de segunda-feira, 30 NOV 20, começou um assalto com contornos cinematográficos a uma agência do Banco do Brasil no centro de Criciúma, sul de Santa Catarina. Um grupo fortemente armado invadiu a tesouraria de um banco, provocou incêndios, bloqueou ruas e acessos à cidade, usou reféns como escudos e atirou várias vezes.
Criciúma, naquela noite catastrófica, apenas representou o retrato de um país que se apresenta atualmente como um lugar bastante inseguro. Em todo o país, os telejornais noticiam diariamente sobre assaltos cinematográficos, sequestros, dentre outros delitos, praticados por grupos fortemente armados. Esses grupos atacam estabelecimentos comerciais, como bancos e lojas, aterrorizando a população. Normalmente, estão motivados para enfrentar a polícia, inclusive invadindo delegacias e postos policiais. Uma verdadeira afronta ao Estado.
Poderíamos escrever dezenas de folhas com centenas de casos semelhantes em todo o país, no entanto, para sintetizar, o Fórum Brasileiro de Segurança Pública apresenta a radiografia assustadora do crime no Brasil, mostrando um número de vítimas típico de grandes confrontos bélicos, como mais de 63.000 pessoas mortas no ano de 2017 – o que equivale a 175 mortes por dia e mais de 7 mortes por hora. A taxa de mortes violentas por 100 mil habitantes é de 30,8, o que equivale a 30 vezes mais que a taxa da Europa. Ou seja, são números impactantes, tendo em vista que um número expressivo assim não existe nem mesmo em países em guerra. Sendo que não devemos esquecer que estamos em 2020 e estes números só tem aumentado.
A frase do Professor Roberto Motta, extraída de sua indispensável obra Jogando para Ganhar, é da mais pura sensatez e serve de referência para consubstanciar a tragédia que está ocorrendo no país: “Uma sociedade que não consegue condenar moralmente o criminoso não conseguirá jamais condená-lo judicialmente.”
Caos Ideológico
Uma triste realidade que não deve, em hipótese alguma, ser omitida é que o Brasil está em guerra. Uma guerra não declarada e normalmente ignorada por grande parcela da população e da mídia. Os números dessa guerra são impressionantes e assustadores.
No entanto, por que essa guerra não enraivece a sociedade? Por que lideranças de diversos segmentos e a mídia em geral “camuflam” ou omitem dados de alta relevância sobre o assunto? Por que a mídia relativiza na maioria das vezes a brutalidade cometida por criminosos violentos?
Infelizmente, perpetua em nosso país a cultura de que o bandido é vítima da sociedade e isso causa um efeito bastante depreciativo para as pessoas de bem, pois o “jogo se inverte”. Portanto, se um cidadão confronta um marginal e o neutraliza, parte da mídia e a própria sociedade normalmente o rotulam como culpado. Assim, preceituam que este cidadão deve pagar pelo “grave” crime cometido.
O que ocorre é que a ideologia extrema-esquerda vem exercendo, há décadas, total influência no cenário intelectual acadêmico brasileiro, nas organizações e nos diversos setores da sociedade. Ao controlarem a mídia e estarem impregnados em ONGs e diversos órgãos públicos, tais ideólogos convencem a opinião pública acerca de conceitos direcionados às suas ideias recheadas de percepções conturbadas e manipuladoras, inclusive confundindo o real sentido da ideia dos Direitos Humanos, em que suas conclusões encontram especial ressonância nas ciências penais.
Ocorre que essa ideologia é tão perversa e manipuladora que na opinião de Motta “uma nação inteira foi convencida pelos ideólogos de que o criminoso é vítima da sociedade” . A mídia e os formadores de opinião são obcecados com a violência policial e completamente cegos para a violência dos criminosos.
Os promotores de Justiça Leonardo Giardin de Souza e Diego Pessi na fenomenal e indispensável obra “Bandidolatria e Democídio – Ensaios sobre Garantismo Penal e Criminalidade no Brasil”, esclarecem que Eric Voegelin, que foi provavelmente o maior cientista político do século XX, afirmava que “as ideologias (como marxismo, o positivismo, o nacional-socialismo) constroem edifício intelectualmente insustentáveis”, com presunção de desonestidade intelectual.
Um claro retrato dessa ideologia é quando observamos que, por vezes, delegados, a Justiça e o Ministério Público tomem atitudes inacreditáveis, como, por exemplo, magistrados liberando presos de alta periculosidade nas audiências de custódia, ou mesmo pessoas de bem sendo denunciadas e presas, mesmo agindo claramente em legítima defesa. Tudo isso fundamentado com a assertiva de que os suspeitos foram simplesmente “vítimas da sociedade”. Será?
Voltando ao ocorrido em Criciúma: Será que os invasores daquela cidade tinham fome? Faltou para eles educação de qualidade? Será que eles agiram assim pelo motivo de serem discriminados na infância por serem pobres? Quando estavam apontando suas armas e oprimindo os trabalhadores, eles buscavam a justiça social?
A resposta para as indagações acima é: CLARO QUE NÃOOOOOOOOOOOOOOOOOOO.
Infelizmente, o brasileiro está se acostumando com a cultura do bom bandido, assim como visto na ocasião em que o goleiro assassino Bruno, condenado pelo assassinato da mãe de seu filho e solto pelo STF, distribuía nas ruas autógrafos para crianças e adultos.
No episódio de Criciúma, encontravam-se homens que optaram pelo crime pela própria vontade e não vítimas da sociedade como os ideólogos tentam “empurrar” para a nossa sociedade e que infelizmente têm-se obtido êxito.
Ocorre que o criminoso, analisado sob essa perspectiva ideológica, é apresentado como vítima do capitalismo, das políticas econômicas governamentais e das classes dominantes, uma vez que, segundo essa ótica, para que o rico ou burguês exista, necessariamente, deve haver o pobre, ou proletário, e este, por sua vez, precisa ser dominado e controlado pelos agentes do Estado incumbidos dessa tarefa: os policiais.
Tudo isso torna o nosso país em uma tragédia diariamente anunciada, pois uma sociedade que se preocupa mais com perigosos criminosos presos do que com suas vítimas, assim como esclarece Roberto Motta, não terá um futuro.
Conclusão
Há uma verdade incontestável, mesmo nos dias atuais, a saber, o fato de que o marginal não mata porque não tinha o que comer; ele mata porque essa é e sempre foi a forma escolhida para satisfazer suas necessidades em relação a questões como dinheiro, status e sexo, ou seja, simplesmente destrói de forma consciente a vida alheia. Criminosos não são vítimas e sim algozes que livremente escolheram seu modo de vida, não tendo assim qualquer senso de alteridade. Ou seja, tudo se resume a eles mesmos.
É fato que o criminoso sempre quer ter mais poder, enxergando o mundo como um jogo, sobre o qual têm controle total, e usam as pessoas como bem lhe convém. Vivem excitados pelo crime, a sua motivação é estar em plena atividade criminosa.
Liberdade de consciência, capacidade de autodeterminação, responsabilidade de autodeterminação e responsabilidade individual são pilares do sistema jurídico-criminal. Portanto, é importante registrar que um dos princípios básicos da justiça é que cometer um crime deve ser um péssimo negócio. Antes de fazer qualquer coisa, de forma inconsciente, o bandido faz duas perguntas: Qual a chance de me prender? O que acontece se eu for preso?
O problema é que normalmente as leis brasileiras, manipuladas pelas ideologias de esquerda, favorecem o bandido.
Por fim, caro leitor, percebe-se que temos uma guerra que não é só de “Polícia x Bandido” e sim uma guerra composta de várias batalhas que exigem que cada um de nós sejamos um soldado determinado a vencer esse inimigo fortalecido por essa ideologia destrutiva e assassina. Que Deus proteja Criciúma, Que Deus proteja o Brasil.
Brasil Acima de Tudo!
Consultas:
DE SOUZA, Leonardo Giardin; PESSI, Diego. Bandidolatria e Democídio. Ensaios sobre garantismo penal e a criminalidade no Brasil. 3 ed. Porto Alegre: SV Editora, 2018.
MOTTA, Roberto. Jogando para Ganhar. Teoria e Prática na Guerra Política. São Paulo: LVM, 2018.
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