Temos diversos fabricantes e modelos de lanternas de mãos sendo usados por muitos policiais, militares, bombeiros, socorristas e civis, tanto no Brasil como em outros países. O intuito do artigo é orientar o leitor durante o processo de aquisição de uma lanterna. Como sempre, o intuito não é ofender a escolha pessoal de cada um. Compre o que você quiser e fique feliz com a sua escolha.
Colocarei algumas dicas de como escolher a sua lanterna tática.

1. Fabricante com equipamentos confiáveis
Uma via de regra simples é contar com a experiência de mais de 30 anos da Surefire e mais de 40 anos da Streamlight no desenvolvimento de produtos para o uso de militares e policiais. Eles possuem diversos modelos que vão te atender. Veja a Elzetta e as Inforce também.
E como ficam as outras marcas não mencionadas, visto que são tantas? A resposta é que existem dezenas delas no mercado, e fica a seu critério a questão do custo e disponibilidade do que comprar. Caso você tenha uma lanterna que tenha a sua confiança, fique com ela. E se for possível, invista em um bom equipamento já testado e bem conceituado.
2. Equipamento adequado para um uso específico
De tantos fabricantes e modelos encontrados, é preciso definir para qual será o uso.
Você vai ler um documento? Que tal pegar uma lanterna que usa baterias AA ou AAA, ao invés de ter uma lanterna com diversos modos.
Precisa iluminar a longas distâncias nas estradas? Talvez uma lanterna throw (arremesso) resolva o seu problema.
Esse raciocínio deve ser levado em conta. Não existe faca, nem arma nem lanterna que faça tudo.
Você tem acesso as baterias CR123? E as li ion 18650? Pense na escolha da sua fonte de energia (pilha/bateria), pelo simples motivo que será necessário treinar com a sua lanterna.
Fique atento também ao modelo escolhido. Dou o exemplo da Surefire G2X. Existe a versão G2X Tactical de um modo e a versão G2X Pro com dois modos.
3. Conceitos corretos
Não são lumens, nem fabricante ou modelo que vão definir a sua lanterna, e sim, se ela tem os conceitos corretos para o uso tático. Vamos a alguns deles:
O modo que a lanterna será acionada deverá ser o mais simples possível. Como um padrão conhecido e difundido, muitas lanternas usam o acionamento na parte traseira do corpo.
Este acionamento será por meio de um clique de avanço (forward click) ou de torção (twisty). O funcionamento da lanterna será no modo momentâneo ou constante.
O clique de avanço é aquele onde a lanterna é acionada quando você pressiona o botão. Pressionando levemente o botão a lanterna fica ligada, soltando o botão ela desliga. Dizemos então que ela foi acionada no modo momentâneo. O modo constante é aquele onde você deverá pressionar o botão de acionamento até ouvir um ‘clique’ e, soltando ou não o botão, a lanterna continará ligada. Para desligar é necessário pressionar o botão novamente até ouvir o clique. Desta maneira fica claro que não é necessário ficar acionando o botão da sua lanterna até o referido clique, caso não seja necessário. Entretanto, concordo que, com o nível de estresse fica difícil de perceber este funcionamento. Peço então que você teste a sua lanterna e treine com ela.
Vamos agora ao twisty. Este modo de acionamento é considerado pelos experts como o modo tático real. A parte traseira da lanterna funciona como o botão de acionamento também, da seguinte maneira: caso você pressione a parte traseira da lanterna a mesma liga. Tirando esta pressão sobre a parte traseira, ela apaga. Desta maneira temos o modo momentâneo. E caso precise do modo constante, basta girar a parte traseira da lanterna. E qual é o propósito do twisty? Imagine a seguinte cena: você está dentro de um local, aciona a sua lanterna e por algum motivo a lanterna cai de sua mão. Estando no modo momentâneo, ao sair de sua mão a lanterna simplesmente desliga. Ela cairá no chão e ela permacenerá desligada até ter o botão traseiro (tailcap) acionado/pressionado novamente. Ela não vai iluminar mais nada, inclusive você ou alguém de sua equipe. Este tipo de acionamento é encontrado atualmente somente na Surefire G2Z. Mas a grande maioria das lanternas táticas atuais utiliza o clique de avanço.
Voltando para o clique de avanço e aplicando-o no nosso exemplo da lanterna caindo da sua mão. A lanterna com clique de avanço acionada em modo momentâneo, será desligada imediatamente após sair de sua mão e continuará desligada.
Existe a possibilidade muito pequena da lanterna estar no modo momentâneo ou desligada, e ao cair no chão ela ir ao encontro de outro objeto e ligar. Talvez na mesma possibilidade de sua arma cair no chão e algo enroscar no gatilho e ela disparar.
Tanto no clique de avanço e o twisty você ‘esmaga’ o botão para acionar a lanterna. E esse é o mesmo procedimento feito para que a sua arma atire, não é mesmo? Você esmaga o gatilho e sua arma dispara. Imagine então se a sua arma disparasse quando você solta o gatilho. Tem alguma lógica nisso? Não tem! E essa é a analogia que farei para as lanternas ditas táticas que usam o acionamento com clique reverso.
Este tipo de acionamento tem como característica o acionamento somente após o botão já estar pressionado e logo após tirando a pressão sobre ele (considere também as expressões ‘soltar o botão’ ou ‘botão liberado’). Não existe acionamento momentâneo, sempre o constante. Voltemos para o nosso exemplo da lanterna caindo de sua mão. A lanterna com o acionamento reverso está com o botão de acionamento pressionado, aguardando a liberação do operador para ser ligada. Com o botão levemente pressionado, mas não liberado ainda, a lanterna cai de sua mão. Neste instante a lanterna liga e continuará ligada ao cair no chão, iluminando talvez você e/ou sua equipe. Imagine então a sua lanterna ofuscando os seus olhos. Com a luz você fecha os olhos … e do outro lado vários agressores de alta periculosidade aguardando uma brecha para atacar. Por este simples motivo lanternas com acionamento reverso não servem para o uso tático.
Fica a pergunta: qual é a quantidade de modos que uma lanterna tática deve ter? Simples, 1 (um) modo. Quantos disparos a sua pistola efetua a cada acionamento do gatilho? Simples, 1 (um). O motivo é a simplicidade de uso. Você sempre saberá em qual modo a lanterna vai ligar e com quantos lumens.
Existem algumas lanternas com mais de um modo. E a grande questão delas é como esses outros modos são acionados. Isso pode ser um grande problema.
Darei o exemplo da Surefire G2X LE. A descrição do funcionamento não está mais no site da Surefire, mas encontrei aqui : “Click on/off tailcap switch meets needs of law enforcement — press for momentary-on high, click for constant-on high; return to off and press or click again for low”. Em tradução livre seria: “O interruptor liga / desliga da tampa traseira atende às necessidades das autoridades policiais – pressione para ativar momentaneamente, clique para ativar constantemente; volte para desligar e pressione ou clique novamente para baixo”. Ou seja, ela troca de modos de alto para baixo. Particularmente não gosto desta lanterna. Explico o motivo para a G2X LE: algumas vezes durante o uso você pode acionar a lanterna diversas vezes no momentâneo , e no estresse, pode acionar a lanterna no clique e depois, ao acionar novamente a lanterna ela vai para o modo mínimo.
Não me preocupo tanto com a G2X LE, pois não devem existir muitas no Brasil. Fico então para a conhecida Fenix PD35 e suas variantes e o sistema que ela usa para trocar de modos. Esta lanterna tem o acionamento traseiro por clique de avanço, até neste momento está tudo bem. Entretanto, a lanterna tem um botão lateral no corpo dela. Tanto o botão lateral quanto o interruptor (botão) traseiro tem suas funções e alteram como a lanterna se comporta. Leia o manual. Isso tem dois problemas, tanto com o acionamento acidental do botão lateral quando no acionamento do botão traseiro, a lanterna pode mudar o seu funcionamento e isso não é interessante em uma situação de estresse.
Por existir tantas peculiaridades em cada modelo de lanterna, é importante aprender como cada equipamento funciona, os prós e contras e se o mesmo vai atender às suas necessidades.
4. Leia mais
Compreenda um pouco sobre os conceitos que envolvem o funcionamento de uma lanterna.
Tenho dois artigos sobre: Anatomia do feixe de luz e outros conceitos sobre lanternas e Lúmens, do mito a realidade que podem te ajudar na escolha de sua próxima lanterna.
Além deles existem vários artigos e vídeos na internet sobre o tema.
Muita luz em tua vida!!!