Texto do autor Samuel Lima da Gladius Combat
Objetivo: Apresentar para os Operadores de Arma de Fogo uma linguagem silenciosa que ajudará na LEITURA, PREVENÇÃO e ANTECIPAÇÃO, de ambientes de maneira natural, podendo assim, sempre que possível, evitar o confronto e antecipar cenários. O mais importante é a continuidade do exercício dessa mentalidade, pois o confronto de maneira geral traz sequelas físicas e mentais, porém, quando necessário, estejam preparados fisicamente e mentalmente para resguardar sua vida e da sua família.
Partindo do princípio da linguagem corporal, onde os criminosos (estupradores, ladrões, assassinos, homicidas, etc.); estão a todo tempo buscando novas vítimas e avaliam a vulnerabilidade das suas “presas” através de uma leitura geral do ambiente, de como elas se comportam, no andar, olhar, postura e principalmente a sua atenção. Por ser uma atividade de risco também para os criminosos; geralmente escolhem vítimas que possivelmente serão de fácil abordagem e que não ofereça reação. (10)
Betty Grayson e Morris Stein, psicólogos americanos, iniciaram em 1984 estudos para determinar o critério de seleção utilizado pelos criminosos para selecionar suas vítimas e foram apresentados para os presos que cometeram crimes violentos, como estupros, assassinatos, roubos, entre outros; cenas de transeuntes em diferente locais. Foi possível observar que eles selecionavam seus alvos em pouco tempo, porém, os critérios não ficavam de imediato evidentes, em alguns momentos mulheres magras e delicadas eram ignoradas enquanto homens de estrutura eram selecionados. Contudo, a seleção não dependia de raça, idade, sexo ou tamanho. (7)
O estudo concluiu que os fatores que influenciaram na escolha foi caminhar exageradamente anormal, velocidade diferente dos demais, fluidez de movimentos toscos ou espasmódico no andar, movimentos imperfeitos, postura baixa, curvada, cabeça baixa, e falta de atenção como o meio externo.
É importante ressaltar que geralmente os criminosos estão em constante observação e atuam como um receptor de informação da linguagem corporal emitido por sua vítima, buscando sinais de fraqueza e pessoas não vigilantes. Normalmente nosso corpo emitem sinais não verbais e gestos inconscientes; esses sinais projetados podem ser captados por criminosos de maneira deliberada ou intuitiva e através dessa análise ele gera um relatório pela observação analisando se você será uma presa fácil ou não e buscam por pessoas fracas, desatentas, submissas que não apresentam aparentemente poder de reação, porém não existe um padrão designado.
Você pode está perguntando a respeito de algum modelo padrão para andar sem que seja notado ou como possa demonstrar que possui autoconfiança. Sinto te informar, porém, não há fórmula ou receita pronta, é necessário treinar para alcançar um Mindset Progressivo trabalhando o físico e mental para reduzir em grande escala a seleção predatória ou o risco de ser vitimado pela violência. Entretanto, nada irá adiantar todo treinamento de prevenção e orientação se você não tiver mudança de comportamento no que diz a respeito as amizades, horário e locais que frequenta.
Na autoproteção o objetivo é permanecer na zona estéril com mentalidade de combate ativa: observando pela mentalidade situacional; estando em “estado de alerta” e antecipando com objetivo de evitar o confronto, porém, se necessário, esteja preparado para o combate. O fator preponderante para o desenvolvimento de Técnicas, Táticas e Procedimentos (TTPs), exige treino com aplicabilidade de aperfeiçoamento da real necessidade do operador, objetivando a consolidação dos seus Mindset de combate.
O operador poderá aperfeiçoar suas técnicas utilizando também de exercícios como estudos de casos de situações por ele vivenciadas, relatos de terceiros ou vídeos de situações de contingências. Dessa maneira, será possível aumentar seu repertório de informações e seus níveis de observação em ambientes coletivos referente ao comportamento dos demais. O ambiente apresenta diversas informações, podendo ser de fragilidade e de potencial de risco, diante dessas informações, alguns questionamentos são sempre interessantes: Qual o comportamento espero desse local ou itinerário? Qual comportamento chamaria minha atenção? Meus bens refletem ostentação? Qual meu plano de contingência?
É essencial criar antecipadamente padrões de ambientes inclusive em situações de deslocamento do ponto A para destino B, estabelecendo um mapa mental até o objetivo, atento aos pontos críticos, supostos insurgentes, planos de contingência e mudança temporária de destino. Vencer o combate é principalmente evitá-lo, o engajamento se faz necessário quando não há a primeira opção.
Diante disso, faz se necessário que todo operador de arma de fogo continue a desenvolver sua mentalidade de combate, tendo em vista que um dia vencido não eleve seu ego a ponto de pensar que todas as situações insurgentes se apresentarão da mesma maneira. Utilize sempre das lições aprendidas objetivando o aperfeiçoamento constante, pois os cenários mudam e evoluem e cabe ao operador o estudo diário para antecipação da situações de contingências. “Pense e haja como caçador, não como caça”.
Bibliografia:
1. Boyd, J. (3 de setembro de 1976). Destruction and Creation; 2. Boyd, J. ( dezembro de 1986). Patterns of Conflict;
3. Boyd, J. ( junho 1987) The Strategic Game of? And?;
4. Boyd, J. (1987) Revelation;
5. Boyd, J. (2010). A Vision So Noble: John Boyd;
6. Bungay, S. (2011). The Art of Action;
7. Wendling, Humberto (2018; Autodefesa Contra o crime e a violência, pg30.
8. McKay, B.&. (15 de September de 2014) The Tao of Boyd: How to Master the OODA Loop
9. Grossman, David A,; Siddle, Bruce K. Psychological effect of combat;
10. HOLT, Maria Luiza Marins. A linguagem do corpo Comunicação não verbal;