Dia 30/05/2020 o homem deu mais um grande passo em sua História: após nove longos anos mandamos para o “infinito e além” dois veteranos astronautas que, a bordo da SpaceX (uma iniciativa privada do bilionário Elon Musk), partiram com sucesso em sua gloriosa missão de chegar à Estação Espacial Internacional (ISS), estação essa que orbita velozmente nosso belo planetinha azul.
Por mais que essa não tenha sido a primeira investida do homem nesta louca empreitada, confesse, caro leitor, que você também ainda acompanha esse tipo de notícia com entusiasmo e um certo “quê” de incredulidade.
Da mesma forma, em pleno 2020, este “quê” de incredulidade pode ser evocado quando alguns ainda teimam em afirmar (inclusive profissionais da saúde, renomados e conhecidos nacionalmente!) que TORNIQUETES JAMAIS devem ser utilizados em sangramentos massivos! (Oh, shit!)
Ao contrário da SpaceX, a confecção de um torniquete é simples, tão simples que se torna quase espartano, senão vejamos: uma fita de 1,5 polegada, confeccionada com material de qualidade e muito resistente. Acoplado a esta fita -via de regra- há uma haste que pode ser metálica ou de plástico flexível, mas – também – muito resistente. Soma-se a esta “traquitana espartana” uma espécie de trava para que esta bendita haste, ao ser girada, possa ser fixada com segurança, garantindo -enfim- que a ferramenta tenha sido corretamente utilizada.
Fácil de ser manipulado, pois crianças de 7 anos aprendem a aplicá-lo. Tão fácil que adultos (que jamais interagiram com um previamente) – após breve explicação de algumas poucas horas – conseguem realizar autoaplicação (em ambiente controlado) em menos de 120 segundos!
Uma “torneira”, como costumo a brincar, de via única, em que só o sentido “fechar” é utilizado.
Posso estar enganado, caro leitor, mas creio que os torniquetes nunca estiveram tão em voga ultimamente. Grande parte deste “estrelato” é garantido pelo avanço da ciência (aquela mesma que fez a Space X decolar!) , ciência essa que nos permite afirmar com tamanha segurança, que torniquetes (quando corretamente utilizados, óbvio!) salvam vidas!
Eu vou repetir: S-A-L-V-A-M V-I-D-A-S!
A vida da criança, que cortou-se gravimente após a quebra do vaso sanitário.
A vida do gari, que ao escorregar caiu sobre cacos de vidro que estavam dentro dos sacos de lixo.
A vida do motociclista, que perdeu parte da perna após trágico acidente automobilístico.
A vida do policial, que ao ser alvejado na coxa, sangrou incessantemente até morrer.
A sua vida.
A minha vida.
Enquanto escrevo este pequenino texto e ouço “Forgotten” (uma das músicas que compõem a trilha sonora do longa 13 Horas: Os Soldados Secretos de Benghazi) no Youtube, penso sobre quantas pessoas bacanas já se foram por falta de uma ferramenta (lembre-se: espartana!) de 30 míseros dólares, que em mãos hábeis (e nem precisam ser tão hábeis quanto dos dois astronautas da SpaceX) poderiam ter ajudado a salvar uma vida.
Acredite na ferramenta, na medicina baseada em evidência e, sobretudo, na ciência.
Ela – em linhas gerais – constrói foguetes, permitindo ao homem chegar ao espaço.
Ela – em linhas gerais – constrói torniquetes, permitindo ao homem voltar pra casa.