Conforme a enquete feita no instagram do @infoarmas, um dos temas requisitados pelos seguidores do portal foi o relativo às armas indicadas para defesa residencial. Vamos lá!
O primeiro princípio para a defesa residencial é: tenha uma arma! Quando falo “arma”, refiro-me a uma arma de fogo, logicamente. Já vi pessoas que possuem uma ideia de segurança residencial bastante deturpada e sem ligação com a realidade, almejando empregar instrumentos como balestras, armas de ar comprimido, bastões de baseball e barras de ferro como sua “linha de defesa”. Estes indivíduos possuem uma falsa sensação de “segurança” e se enganam enormemente se acham que uma tentativa de reação seria bem sucedida neste cenário. Com a profusão de armas de fogo no “mercado negro”, as quadrilhas especializadas em roubos residenciais sempre possuem ao menos uma arma de fogo entre os autores do delito, de modo a subjugar possíveis resistências dos moradores do local e deixá-los à mercê de suas vontades. Neste cenário, somente uma reação com armas de fogo poderá ter alguma chance de sucesso.
Adiante, tenha uma arma que você conhece em cada detalhe e possa treinar constantemente com ela. Independentemente da plataforma, ela deve ser manutenida constantemente e seu operador deve conseguir sanar panes e fazer recargas de forma eficiente, mesmo em baixa luminosidade. A rotina faz muitas pessoas que são proprietárias de arma de fogo entrarem em um estado mental em que, aparentemente, passam a acreditar em “poderes sobrenaturais” do equipamento, achando que só sua presença em uma gaveta do quarto será capaz de repelir assaltantes, que já iniciam a ação criminosa com as mais perversas intenções. O treinamento e a mentalidade de combate do operador farão muito mais diferença num confronto armado do que a própria arma, seu calibre e o tipo de munição escolhida.
Pode passar despercebido para alguns incautos, mas uma lanterna adequada é tão importante quanto a arma de fogo, num cenário de proteção residencial. De nada adianta uma pistola de última geração na mão do cidadão se ele não consegue identificar se aquele vulto que está na porta de sua casa se trata de seu filho voltando da “balada” tarde da noite, ou de um assaltante. De modo ideal, além de uma lanterna de mão, é altamente recomendável que haja uma lanterna dedicada na própria arma, que permita a execução dos disparos com o uso de ambas as mãos. Há várias marcas de alta qualidade no mercado, como as fabricadas pela Surefire, Streamlight, Inforce, entre tantas outras.
Quanto às armas de fogo propriamente ditas, a escolha terá pontos positivos e negativos, como tudo na vida, Vejamos, de forma resumida, as características de cada tipo:
Revólveres são armas de inerente simplicidade e tendem a funcionar de maneira mais confiável à falta de manutenção adequada. Contudo, apresentam a grande desvantagem da baixa capacidade de munição e menor velocidade de recarga, na maior parte das vezes. Ademais, os revólveres geralmente não possuem trilhos para o acoplamento de uma lanterna dedicada.
As pistolas modernas apresentam grande capacidade de munição, miras luminescentes para auxiliar a visada em condições de baixa luminosidade e trilhos para lanternas, algo sempre desejável. Por outro lado, exigem um nível de treinamento maior, em especial na resolução de panes, e, na maioria dos casos, não suportam de maneira adequada o descaso do proprietário com sua manutenção ou escolha/troca constante da munição. Quanto ao calibre, o 9 x 19 mm se demonstra como mais equilibrado, com baixo recuo e facilidade de múltiplo engajamento, sendo considerado o mais recomendado na atualidade.
As espingardas são ótimas opções para defesa residencial, pela simplicidade de funcionamento, adequado poder de fogo à curta distância(algumas munições passam o patamar de 3.000 J), e grande variedade de tipos de cartuchos disponíveis, possibilitando a modulação de aplicação do armamento conforme a situação concreta do proprietário (por exemplo: zona rural/zona urbana). Como pontos negativos podemos citar o grande recuo e baixa capacidade de munição (exigindo treinamento constante de recargas emergenciais/táticas).
Carabinas semiautomáticas, como a CTT-40 e a Taurus T-4, vêm ganhando espaço na defesa residencial, notadamente após a liberação do 5,56 x 45 mm para aquisição pelos CACs. São armas com grande capacidade de munição (geralmente 30), grande precisão, baixo recuo e fácil manuseio (com o treinamento adequado, evidentemente). Some-se a isso a capacidade de acoplamento de múltiplos acessórios como lanternas dedicadas e miras reflexivas/holográficas, que aumentam em grande monta a velocidade de engajamento da ameaça. Não é à toa que a maioria dos americanos confia a proteção de sua família a alguma carabina da família AR em 5,56 x 45 mm!
Ao contrário do que muitos pensam, o 5,56 x 45 mm não possui os poderes míticos atribuídos a ele pela mídia, que afirma que o calibre é capaz de “derrubar aviões”, passar “bloco de motor” e outros absurdos. Na verdade, em face de sua tendência de estilhaçar ao encontrar uma superfície mais densa, geralmente os projéteis deste calibre apresentam um risco menor de danos colaterais, com menor penetração do que um tiro de pistola em calibre .40 S&W, por exemplo. Por se tratar de um calibre de alta velocidade, o 5,56 x 45 causa danos em razão da cavidade temporária do projétil, sendo muito mais eficiente na incapacitação da ameaça na comparação com as armas curtas.
Muito embora seja chamado e considerado um “fuzil” pela maioria das pessoas, acredito que o T-4 que vem sendo adquirido pelso CACs se encaixe melhor na categoria das carabinas, por se tratar de arma longa, de cano raiado, incapaz de tiro automático e com cano curto.
Em resumo, escolha uma arma que melhor se adeque ao seu perfil operacional/orçamentário, bem como uma lanterna “tática” e outra dedicada no próprio armamento, e treine constantemente (sem esquecer dos treinos em baixa luminosidade)! Lembre-se: a polícia não é onipresente e o Estado não pode fornecer segurança individual a cada cidadão. A proteção de sua casa e de sua família poderá depender do seu nível de habilidade com a arma de fogo escolhida, não deixe para quando for tarde demais. Melhor ter e não precisar, que precisar e não ter!