Oi gente! Pensando no que escrever aqui pra vocês, resolvi tentar contar um pouco de como é a rotina antes das minhas competições de Tiro Prático, já que está próxima a primeira etapa do ano de 2020.
No próximo final de semana, dias 7 e 8 de março, daremos início ao Campeonato Catarinense de IPSC, que será em Chapecó, no Clube de Caça, Tiro e Pesca Caramuru. Caso você more perto, fica o convite para ir lá dar uma espiadinha!
Bom, tudo começa com as documentações.
Para o atleta se inscrever na etapa, primeiramente deve ser filiado à Federação Catarinense de Tiro Prático, (no caso de morar em Santa Catarina, né?!) estar com a anuidade em dia e com as documentações da sua arma também em dia, que são o CR (Certificado de Registro como Atirador Desportivo) e a Guia de Tráfego, que é o documento que autoriza o transporte da arma de fogo nos deslocamentos do local de guarda do acervo para os locais de competição ou treinamento. Esses documentos são emitidos pelo Exército Brasileiro.
Feita a inscrição e o pagamento (Damas pagam meia) no site da Federação (fctp.org.br) começa a parte mais prática da preparação.
Juntamente com o convite e toda informação da etapa, é possível aos atletas terem acesso aos desenhos das pistas de tiro, e o “briefing” de cada uma delas.
O briefing nada mais é do que as informações de como a pista deve ser feita; nele contém os dados de número de alvos (se papel e/ou metal e a quantidade de cada um deles), números mínimo de disparos, a condição de pronto da arma, posição de saída, início da contagem do tempo, (se é sinal audível ou visual) e o procedimento. Isso torna possível que o atleta foque mais em certas técnicas durante o treinamento que precede ao dia da competição.
Deu pra entender? Vou explicar com os próprios desenhos das pistas.
Analisando a pista 1: é uma pista considerada média pelas regras do IPSC porque não deve exigir mais do que 24 disparos para serem completadas, sendo 11 alvos de papel, (lembrando que em cada alvo de papel pardo, são dois tiros, “double tap”) e mais dois alvos de metal que devem ser derrubados para pontuar, fechando os 24 disparos.
Treinando para esta pista, vou focar no saque com a arma carregada e travada no coldre, caprichando na visada, porque além dos dois metais, parece que os alvos estão bem longe.
Para quem não tem prática no assunto, quando treinamos para competir, o treinamento em seco, ou seja, sem munição real é tão importante quanto com munição, porque é neste momento, com muitas repetições que o movimento torna-se perfeito e automático, fazendo com que você não “perca tempo” pensando em como proceder.
Ó! Fica a dica! Treine muito em seco, ok!? Até porque é de graça, já que no Brasil, munição não tá barato!!!
Analisando a pista 2: é uma pista curta, porque de acordo com as regras do IPSC, não devem exigir mais do que 12 disparos para serem completadas.
Temos 3 mini alvos de papel, que serve para simular que estão ainda mais longe e mais 6 alvos de metal. Também diz no briefing que a arma no coldre estará com o carregador inserido, porém com a câmara vazia, ou seja, meu treinamento para esta pista será sacar, puxar o ferrolho da arma para alimentar a câmara e tiro caprichando na visada, não somente para derrubar os metais, mas para não perder nenhum tiro nos papéis menores.
Analisando a pista 3: temos 5 alvos de papel e mais 2 mini popper, (percebeu que os alvos de metal podem ser de 3 tipos diferentes? IPSC Metal Plate, IPSC Metal Popper, e os IPSC Mini Popper) fechando os 12 disparos de uma pista curta.
Com a arma pronta no coldre, o que mais devo “me preocupar” nesta pista é que os alvos metálicos estão em frente ao alvo de papel branco; este alvo na cor branca não deve ser atingido, é como se fosse uma penalidade, são chamados de “no-shoot” e perde 10 pontos se acertar ali, por tiro. Novamente, uma pista para treinar precisão.
Analisando a pista 4: temos 4 alvos de papel pardo e 4 alvos e metal que devem ser derrubados, fechando os 12 pontos de uma pista curta. Nesta pista devo ficar atenta em não acertar o “no-shoot” e caprichar na visada da arma para tentar derrubar os metais com o mínimo de disparos possível, ou seja, de primeira!
Analisando a pista 5: novamente uma pista curta de 12 disparos.
De acordo com o desenho, podemos ver que os alvos de papel pardo estão somente com a ponta de cima aparecendo, isso é uma outra forma de exigir precisão do atirador.
Já que o branco não deve ser atingido, nesta pista, a atenção na visada novamente não é foco só nos metais que devem cair e sim, não atingir a penalidade.
Outra observação lendo o briefing desta pista, é que não tem um “start line”, que é uma marca onde devemos encostar os pés ou as mãos, enfim, uma marca obrigatória para começar a pista, e já que não tem, posso escolher o lugar para começar onde considero melhor, dentro da área designada.
Analisando a pista 6: chegamos a uma pista longa de acordo com as regras do IPSC, quando não devem exigir mais do que 32 disparos para serem completadas.
Aparentemente, não vemos grandes desafios, porém, o “perigo” de uma pista longa dessas é você esquecer de atirar em algum dos alvos, já que são muitos, e levar algum “miss”, que significa um tiro que não atingiu o alvo, onde perde também 10 pontos.
Se nos alvos de papel pardo que devem ter sempre dois disparos, quando na hora da conferência dos pontos, não tiver nenhum buraquinho furado, é considerado 2 miss, entendeu?! Deveria ter dois ali, não tem? Então errou!
O segredo para uma pista dessas é a palavrinha que eu ainda não mencionei aqui, o “walkthrough”.
O walkthrough é o passo a passo que o atleta pode fazer na pista após a leitura do briefing. É quando vamos estudando, raciocinando e decorando onde é melhor começar a atirar, se corre pra lá, corre pra cá, onde faz a troca de carregador… enfim, é a tática da pista que cada atirador faz na sua cabeça para na hora que estiver valendo, não ficar perdido e não esquecer nenhum alvo, por exemplo.
Analisando a pista 7: sem dúvidas a pista mais difícil da etapa.
É uma pista curta de 12 disparos, com 5 alvos de papel, porém dois deles são móveis. Quando um dos alvos de metal cair, no caso o P1 como está escrito no croqui, ele levantará um dos alvos de papel que estaria deitado e também ativará a “bailarina”. Mesmo um alvo que se movimenta, para pontuar tem que ter dois furinhos do projétil no papel, certo?! Não significa que eu tenho que dar somente dois tiros, pode ser quantos quiser, só que demora mais tempo… e gente, já aviso que darei alguns a mais para acertar esse negócio!
Se já não bastasse a bailarina, olhem a dificuldade de início da pista: arma numa mesa, carregadores em outra, pés tocando o “start line” bem no meio do caminho e ainda de costas para o para-balas. (Desejem-me sorte!)
O meu treino focado nesta pista será tentar simular o máximo possível esse começo, com o saque da arma em uma mesa, correndo para pegar os carregadores em outra, inserindo o carregador e puxando o ferrolho com o dedo fora do gatilho apontando para o para-balas o mais rápido possível e em movimento.
Outra observação que gostaria de compartilhar com vocês é que nesses casos de alvos móveis, na maioria das vezes, é no alvo que a aciona que dou o primeiro tiro, resolvo os outros alvos e por ultimo, às vezes, já um pouco mais lenta, miro na bailarina.
Analisando a pista 8: pista média com 24 disparos de acordo com as regras do IPSC e acho que depois da pista 7, qualquer coisa fica mais fácil.
Duas observações que gostaria de fazer aqui com vocês.
A primeira até já apareceu anteriormente; tem um alvo de papel que aparece a cor parda somente no meio e nas duas laterais, tem listras pretas; isso é pra simular, um “miss”, um tiro perdido, se acertar na parte preta é considerado que você não acertou, entendeu?!
A segunda observação seria quanto aos alvos que ficam um acima do outro; anos atrás, nas minhas épocas de treino com o meu treinador Heduard, ele sempre me fez entender sobre a importância da sequência dos alvos que eu devo atingir na pista, sobre quais mirar primeiro ou não, isso a gente raciocina na hora do walkthrough. Quando temos um em cima do outro, se prestarmos atenção na nossa visão periférica, se eu miro primeiro no de cima, as minhas mãos empunhando a arma tamparão completamente o alvo de baixo, e dependendo de “n” fatores, pode vir a prejudicar minha retomada da visão para este alvo, então sendo assim, sempre que houver um alvo acima do outro, dê preferência para primeiro o de baixo.
Por enquanto é isso, meu povo! Espero que no próximo post eu possa contar pra vocês o que deu certo ou não. Ah! Espero mais ainda ter a boa notícia de mais uma vitória.
Agora “se não há dúvidas, há dívidas”! Vou lá pro Clube treinar. Tchau!